Plebiscito de movimentos sociais em 2007 questionará leilão da Vale do Rio Doce

Uma das grandes mobilizações dos movimentos sociais para 2007 será a reabertura do processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997. O Plebiscito Popular pela Anulação do Leilão da empresa será realizado a partir do dia 1º de setembro de 2007. Os eleitores serão convidados a votar como se fosse uma eleição, só que o resultado tem caráter simbólico, sendo usado como instrumento de pressão da sociedade frente ao governo.

A decisão de organizar o plebiscito foi anunciada recentemente durante plenária da Assembléia Popular, uma articulação que reúne os movimentos sociais em municípios e estados, para o debate de suas reivindicações. Entre os movimentos que compõem a Assembléia estão o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA). A idéia é começar o debate do plebiscito nas Assembléias dos estados e depois ampliá-lo. É o que explica Ricardo Gebrim, integrante da Consulta Popular, que também integra a Assembléia.

"Nós vamos desenvolver todo um cronograma preparatório, onde os ativistas e lutadores populares se interem do problema da Vale do Rio Doce, da sua gravidade, explicando para a população o que está em jogo nesse debate. Mais do que unir as forças políticas da esquerda e das entidades sociais, fizemos o compromisso conjunto de construir isto na base através do espaço das Assembléias Populares."

O processo de privatizações da Vale ocorreu durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Entre as denúncias de irregularidades no leilão está a que questiona o valor pelo qual a empresa foi vendida. Na época, o patrimônio era avaliado em torno de R$ 40 bilhões, mas o preço da venda chegou a pouco mais de R$ 3 bilhões. Um ano após sua privatização, a companhia já acumulava um lucro de quase R$ 10 bilhões. A Justiça ainda investiga as denúncias de fraude na privatização.

Outros dois plebiscitos semelhantes já foram realizados pelos movimentos sociais no Brasil. Em 2000, o tema foi o pagamento ou não da dívida externa que contou com a participação de mais de seis milhões de pessoas. Em 2002, a votação era sobre a negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Mais de dez milhões de pessoas votaram.

Fonte: Agência Notícias do Planalto