Indígenas desocupam porto após acordo com Márcio Thomas Bastos

Na terça-feira (12/12), 300 indígenas Tupinikim e Guarani ocuparam o porto da empresa Aracruz Celulose para reivindicar a demarcação de 11.009 hectares de suas terras. Ontem, após uma reunião com representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) em que ficou acertado um encontro na próxima segunda-feira (18/12) com o ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, os manifestantes deixaram o local.

Durante a ocupação, várias pessoas foram agredidas por cerca de mil trabalhadores terceirizados da Aracruz, incentivados pela empresa a retirar os indígenas à força. Entre os feridos está o deputado estadual Cláudio Vereza (PT), que é portador de deficiência física. A situação só se tranqüilizou depois que um diretor da companhia saiu da área com os funcionários, às 17h de ontem.

"O principal responsável pelas agressões praticadas é a própria Aracruz Celulose. É inadmissível que a empresa libere seus trabalhadores para, conforme afirmou o líder sindical Davi Gomes, retirar os índios do local, já que as polícias militar e federal não estavam fazendo isso. Responsável também é o Estado brasileiro que ficou omisso perante as agressões contra índios e apoiadores, tendo apenas alguns poucos policiais presentes no local. Enquanto isso, o ministro da Justiça não se pronunciou em nenhum momento sobre a emissão da portaria de demarcação das terras", afirmou em nota a Rede Alerta contra o Deserto Verde.

Já o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), disse que "caso ocorra um conflito de maior gravidade, a responsabilidade será do governo federal, por não ter demarcado a terra dos Tupinikim e dos Guarani. Também será responsabilidade da Aracruz Celulose, que deve conter seus funcionários".

Desde 12 de setembro, o parecer da Funai favorável à demarcação da área está no Ministério da Justiça. Em fevereiro deste ano, o ministro se comprometeu a publicar a Portaria Declaratória da terra tão logo recebesse o documento.

Na tarde de ontem, cerca de 60 estudantes ocuparam por algumas horas o Palácio do Governo do Espírito Santo em Vitória, se solidarizando com os indígenas e exigindo que o governo se posicione publicamente para garantir a segurança dos indígenas e militantes no local.

Em Nova Iorque, nos Estados Unidos), uma outra manifestação de solideraiedade foi realizada em frente ao consulado brasileiro. Na Alemanha e na Noruega, organizações entregaram uma petição em apoio à demarcação das Terras Tupinikim e Guarani nas embaixadas do Brasil.

Fonte: www.mst.org.br