“Fórum Social fortalecerá unidade e mobilização na luta antiimperialista”

O VI Fórum Social Mundial será realizado neste ano pela primeira vez em solo africano, em Nairóbi, no Quênia, entre os dias 20 e 25 de janeiro. Para o secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Antônio Felício, “o Fórum contribuirá para fortalecer ainda mais a unidade e a mobilização dos povos em defesa da Humanidade contra o imperialismo”.

As atividades do FSM 2007 vão girar em torno de nove objetivos gerais, definidos a partir de consulta sobre ações, campanhas e lutas das organizações participantes. De acordo com os organizadores, estão entre as prioridades a luta pela “libertação do mundo do domínio das multinacionais e do capital financeiro, a democratização do conhecimento e da informação e a construção de um mundo de paz, justiça e respeito pelas espiritualidades diversas”.

Também são objetivos do evento, a “garantia dos direitos econômicos, sociais, humanos e culturais, especialmente os direitos à alimentação, saúde, educação, habitação, emprego e trabalho digno”, “a construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos”, e “a construção de estruturas políticas realmente democráticas e instituições com a participação da população nas decisões e controle dos negócios e recursos públicos”.

Leia abaixo a íntegra da entrevista de João Felício.

Quais os ideais que conduzem a delegação cutista a Nairóbi?

Irmanados pelos ideais de cooperação, amizade e solidariedade, a CUT estará representada em Nairóbi por inúmeras de suas lideranças nacionais e estaduais para estreitar ainda mais os laços com todos os homens e mulheres que lutam por um mundo mais justo, fraterno e feliz. Temos a convicção de que este novo mundo, de países soberanos e povos livres, só será possível com o rompimento das amarras do imperialismo e das mazelas do neoliberalismo, com sua política de privatização e devastação econômica e social.

É hora de avançar…

Como entidade construtora do FSM, desde o primeiro momento, em Porto Alegre, a CUT entende que chegou o momento de darmos um passo a mais na nossa participação criativa, autônoma e plural, dando visibilidade a uma plataforma internacional dos movimentos sociais que, somando a riqueza da diversidade das contribuições da sociedade civil, canalize esta consciência e a impulsione para a construção desse novo tempo. A realização deste VI Fórum no Quênia é motivo de enorme alegria para o povo brasileiro, que tem no continente africano o berço da sua identidade e suas mais profundas raízes, carregadas de compromisso com a liberdade e revolta contra a injustiça e a submissão.

E o papel dos sindicalistas nesta batalha?

Com a energia militante dos movimentos sociais, particularmente do sindicalismo, a América Latina vem se reencontrando, nas ruas e nas urnas, com o seu destino histórico, fortalecendo a integração de países e povos numa caminhada comum contra a tentativa dos EUA de anexação das nossas economias e destruição dos nossos parques produtivos, com mais desemprego, fome e miséria. As reeleições de Lula e Chávez, as vitórias de Evo Morales, Tabaré, Kirchner, Bachelet e Rafael Correa são uma demonstração inequívoca dos avanços conquistados.

O heroísmo do povo iraquiano aprofunda o isolamento de Bush…

A determinação do povo iraquiano tem sido alento e exemplo para o mundo todo. O alto custo pago por Bush na criminosa invasão ao Iraque, com mais de três mil soldados norte-americanos mortos e 20 mil mutilados, expõe uma determinação que desnuda a política de terrorismo de Estado e barbárie de um império que vai se isolando cada vez mais, enquanto se atola em meio às torturas e ao crime.

E a questão do meio ambiente?

O aquecimento global, fruto de um sistema que amplia seus lucros incentivando e modelando as sociedades a um consumismo irresponsável e sem limites, o extermínio da biodiversidade, o monopólio dos transgênicos por multinacionais ávidas pelo domínio de mercados, entre outras graves violências cometidas contra a saúde e a natureza, mais do que motivo de reflexão, devem nos levar a uma ação imediata em favor do planeta. É inadmissível que os países centrais e suas empresas, os grandes poluidores, continuem contaminando terra, ar e mar para alavancar seus negócios. Exigimos respeito ao meio ambiente e isso se dá fazendo valer a Convenção de Mudança Climática, incluindo protocolos como o de Kyoto, que devem deixar de ser letra morta, suplantada pelos cifrões.

É preciso mudar o rumo…

Diante destes desafios, cabe aos trabalhadores e trabalhadoras darem a resposta intensificando sua luta, erguendo novas relações políticas, econômicas e sociais, conquistando novos patamares de direitos laborais e sindicais, apontando um novo rumo com a libertação das suas sociedades, ao mesmo tempo em que reafirmam seu compromisso coletivo com a Humanidade.

A Humanidade vencerá…

Com unidade e mobilização, devemos trabalhar para fazer de cada um dos nossos países uma enorme trincheira na batalha pelo desenvolvimento com distribuição de renda, justiça social e direitos. Estaremos presentes para que este VI FSM faça tremular bem alto a bandeira da vida e da esperança!

Fonte: Leonardo Wexell Severo/ Agência CUT