Servidores da Ufrgs participam de Ato para defender os hospitais universitários em Pelotas

O risco de os 35 hospitais universitários públicos brasileiros deixarem de ser de atendimento 100% gratuito foi o tema central levado às ruas de Pelotas pelos servidores técnico-administrativos, em greve, na tarde de ontem. Cerca de 120 funcionários das universidades federais de Santa Maria, Rio Grande e Porto Alegre engrossaram a mobilização organizada pelos colegas de Pelotas. Uma assembléia geral ao ar livre, junto ao Altar da Pátria – na avenida Bento Gonçalves – caminhada em meio ao trânsito e um abraço simbólico ao Hospital-Escola (HE-UFPel/FAU) marcaram a manifestação desta quarta-feira.

Com cornetas, apitos, balões pretos e brancos, faixas e bonés coloridos os trabalhadores procuraram explicar os porquês de terem interrompido as atividades em 28 de maio e buscaram ganhar aliados entre a comunidade. “A greve é um produto da incapacidade do Governo em dialogar com a categoria”, afirmou o integrante do comando local de greve, Luiz Osório Rocha dos Santos.

Durante a passeata os servidores distribuíram material informativo à população e, ao microfone, no caminhão de som, defenderam a valorização do funcionalismo e o serviço público de qualidade. “Queremos alertar a sociedade e refutar todas as medidas que coloquem os direitos do cidadão em risco”, repetiram em diferentes falas. Por vezes chegaram a chamar o coro de “Não, não, não; não à privatização”.

Suporte ao SUS

Com essas duas palavras os grevistas resumiram a proposta do Governo Federal em criar uma fundação para gerir os hospitais universitários (HUs), hoje considerados sinônimos de atendimento básico e especializado, de forma gratuita e igualitária, como prevê o SUS. A partir dessa fundação, os HUs passariam a abrir espaço também a internações particulares e por convênios e poderiam firmar parcerias privadas em estudos e pesquisas. As instituições deixariam de tratar a saúde como bem público e incorporariam a lógica de mercado, voltada a interesses financeiros – teme a categoria.

Trabalhadores, professores, alunos, sindicatos, entidades, conselhos municipais e usuários deveriam se integrar ao debate. E foi o que tentaram provocar com o ato de ontem, em Pelotas. Ainda antes do abraço simbólico ao HE-UFPel/FAU, os grevistas desligaram o microfone e fizeram silêncio. Só bateram palmas ao final.

Segundo a categoria, os HUs são considerados elementos estratégicos ao SUS. Disponibilizam 10,3% dos leitos hospitalares, 25,6% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 37,6% dos procedimentos de alta complexidade realizados no País. Ainda são referência ao ensino, pesquisa e extensão.

O que eles reivindicam

Outro ponto se destaca na pauta: é o Projeto de Lei Complementar – PLP 01/2007 – que cria um limitador das despesas com pessoal ao índice da inflação mais 1,5%, durante dez anos e é encarado, em todo o Brasil, como congelamento de salários pelos servidores. A categoria luta por uma recomposição da tabela, que inclui piso de três salários mínimos e step de 5%. Hoje a diferenciação entre os níveis é de 3,6% e o piso é o menor do serviço público federal: R$ 700,00.

Debate nacional

Temas como a Reforma Universitária, o Prouni e o Reuni entram em discussão hoje a partir das 14h, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel. O encontro contará com a presença da técnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Maria Ribeiro, que dará um panorama de como o debate se desenvolve no centro do País. Professores e alunos também participam do evento.

Votação até amanhã

A eleição para diretoria da Associação dos Servidores da Universidade Federal de Pelotas (Asufpel) estende-se até amanhã (6), das 8h às 19h, no Hospital-Escola, na sede da entidade (na rua 15 de Novembro, 262) ou em urna volante que circula a instituição. Concorre a chapa única Uma história de lutas, composta por 16 integrantes.

Fonte: Michele Ferreira/Diário Popular de Pelotas