Entidades estão nos últimos preparativos para plebiscito sobre a Vale

Militantes de esquerda de vários segmentos estão na reta final da campanha “A Vale é nossa”, que culminará no Plebiscito Popular na semana de 1º a 7 de setembro, quando os brasileiros poderão votar se são a favor ou não da permanência da empresa nas mãos do capital privado.

O objetivo das organizações sociais é debater com a sociedade os rumos da Vale do Rio Doce, maior mineradora de ferro do mundo, com reservas comprovadas de 41 de bilhões de toneladas. A Vale também é a principal produtora de bauxita, ouro e Alumínio da América Latina.

Criada na década de 1940 com recursos do Tesouro Nacional, a Vale do Rio Doce foi privatizada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, quando inaugurou-se uma onda de sucessivas vendas de empresas estatais, que foram entregues ao capital privado nacional e internacional. Os argumentos do então presidente da República eram de que com a venda das empresas as dívidas interna e externa do país seriam reduzidas, o que de fato não ocorreu, pois as dívidas aumentaram. O valor da companhia está avaliado hoje em 100 bilhões de dólares, mas o preço do leilão foi de 3,3 bilhões de reais. Foi ampliada a exportação das riquezas produzidas pelos trabalhadores, sem acarretar, no entanto, um significativo desenvolvimento para as populações das áreas onde a empresa tem atividades.

“O que aconteceu com a Vale é resultado da subordinação das elites brasileiras aos interesses do capital internacional. Devemos transformar a anulação do leilão em um símbolo da luta popular. E, quem sabe algum dia, os responsáveis por esse crime de lesa-pátria possam ser levados aos tribunais”, afirma o coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, ao ressaltar a importância do plebiscito pela anulação da privatização da Companhia Vale do Rio Doce.

Sindicatos devem participar desta luta unificada

A campanha sobre a Vale é continuidade de uma série de manifestações dos movimentos sociais, com destaque para o dia 23/5, quando militantes de esquerda foram às ruas lutar contra a retirada de direitos. Na oportunidade também definiram o plebiscito da companhia como uma das prioridades para os meses de agosto e setembro. Estão envolvidas na luta pela retomada da Vale do Rio Doce 62 organizações sociais, entidades sindicais, além dos comitês estaduais e regionais. “A CUT, em conjunto com diversas entidades dos movimentos sociais, participa dos comitês populares pela anulação do leilão da Vale. Consideramos o leilão um crime de lesa-pátria”, avalia Arthur Henrique, presidente nacional da CUT.

Na mesma linha da CUT, a Fenajufe orienta que seus sindicatos filiados participem da campanha do plebiscito, divulgando informações em seus veículos de comunicação para toda a categoria e orientando que todos voltem “não” no plebiscito, na semana de 1º a 7 de setembro. Em todos os Estados, estão organizados comitês estaduais, locais e regionais, por isso é possível participar e organizar o plebiscito nos bairros, escolas, sindicatos, igrejas, associações de moradores, entre outros espaços públicos.

Para o jurista Dalmo Dallari, a Companhia Vale do Rio Doce tem dois significados para o país. “O primeiro é o fato de ela ter aberto novos horizontes para o país no setor estratégico. O outro é afetivo e intelectual, como um momento de afirmação, de brasilidade, como capacidade criadora”.

Sobre as perguntas do plebiscito

O comitê nacional da campanha “A Vale é nossa” avaliou que o Plebiscito Popular sobre a Vale do Rio Doce pode ser feito com uma cédula com uma única pergunta, sobre a revisão da venda da empresa, que será utilizada por algumas entidades, entre as quais a CUT; ou com mais quatro perguntas, acrescentando novos temas.

Pergunta unitária 

Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce – patrimônio construído pelo povo brasileiro – foi fraudulentamente privatizada, ação que o governo e o Poder Judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?

Outras perguntas que estão sendo trabalhadas, além da unitária

– O governo deve continuar priorizando o pagamento dos juros da dívida externa e interna, em vez de investir na melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro?
– Você concorda que a energia elétrica continue sendo explorada pelo capital privado, com o povo pagando até 8 vezes mais que as grandes empresas?
– Você concorda com uma reforma da Previdência que retire direitos dos trabalhadores(as)?

No Rio Grande do Sul

Aqui no RS o plebiscito contará também com uma quinta pergunta: Você concorda com a prorrogação dos contratos de concessão dos pólos de pedágios no RS?”

Fonte: Site do Sintrajufe.