Empréstimo do Bird pode custar caro aos gaúchos

O Bird aprovou nesta quinta-feira (31), em definitivo, o empréstimo de US$ 1,1 bi ao Rio Grande do Sul. O valor, que corresponde hoje a R$ 1,920 bi, foi muito festejado pela governadora Yeda Crusius que tentava, desde o início do ano, conseguir o aval do Banco Mundial para a obtenção da verba.

No entanto, até o momento não se sabe exatamente o que será feito com o dinheiro. O governo disse inicialmente que o empréstimo será utilizado para pagar os juros da dívida que o RS tem com a União. Em outros momentos, foi afirmado que o valor será empregado no pagamento da Lei Britto e na criação de um fundo para o funcionalismo público.

Para o fiscal de tributos aposentado e ex-presidente da Afisvec, João Pedro Casarotto, além da falta de transparência um dos principais problemas do empréstimo é o fato de ser tomado em dólar. Ele alerta que a tendência é que o real volte a desvalorizar, fazendo com que o empréstimo aumente nos próximos anos.

“O que está sendo feito pelo RS é justamente o inverso do que o caminho que deveria ser feito: deveríamos aproveitar para quitar os débitos externos em dólares, aproveitando essa atípica situação do real, afirma.

Para conseguir o empréstimo, a governadora Yeda Crusius se comprometeu, com o Banco Mundial, em realizar ajustes fiscais, reduzindo os gastos da máquina pública. O que significa, na prática, menos investimento do governo em programas sociais e garantir baixo custo do funcionalismo, evitando os reajustes de salários.

O fiscal reclama que o governo, em nenhum momento, implementou de fato medidas mais baratas e menos danosas à população, como o combate à sonegação. Somente a dívida ativa do Estado está em R$ 19 bi. A primeira parcela do empréstimo do Bird, de US$ 600 mi, corresponde a apenas 4% do que os contribuintes devem ao Estado.

“É incrível que nesses últimos anos de crise não houve um único técnico ou pesquisador que falasse que a solução para a crise do RS é o empréstimo do Banco Mundial. Nunca se ouviu falar disso”, afirma.

O pagamento do empréstimo é dividido em duas parcelas com juros fixos e tem prazo de até 30 anos.

Por Raquel Casiraghi
Agência Chasque