Reeleição de reitor gera descontentamento na UFPEL
A manutenção do professor Antônio Cesar Borges como reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) gerou descontentamento na comunidade acadêmica. O Conselho Universitário (Consun) encaminhou, nesta terça-feira (02), Borges como primeiro nome da lista tríplice de candidatos a reitor. Caso a indicação seja aprovada pelo Ministério da Educação (MEC), o professor será, pela terceira vez, reitor da UFPEL; a segunda vez consecutiva.
As eleições iniciaram com um impasse entre as associações de professores e servidores e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) sobre o voto paritário. Servidores e estudantes optaram para que as eleições fossem universais, mas os professores queriam manter a paridade, em que seus votos têm mais peso na contagem final. Como as entidades não chegaram a um acordo, as duas chapas concorrentes, a de Borges e uma de oposição, retiraram a candidatura.
A coordenadora de comunicação do Sindicato dos Servidores da UFPEL (ASUFPEL), Ediane Acunha, lamenta que não tenha ocorrido as eleições. "Como os docentes não conseguiam acatar a decisão das outras duas entidades, houve a desistência das candidaturas e não houve mais processo. Não ocorreu um entendimento entre as partes", conta.
Diante do impasse, o DCE sugeriu que fosse realizada uma assembléia ampliada para que a comunidade acadêmica conseguisse organizar as eleições logo após o recesso de Inverno. Para isso, os estudantes queriam que a reunião do Consun realizada nesta terça-feira (02) fosse adiada, mas o reitor Cesar Borges não acatou o pedido. Os estudantes ocuparam a reitoria por sete horas para tentar anular a reunião, mas um mandado judicial garantiu a eleição no Consun.
A coordenadora-geral do DCE, Naiana Paula Dutra de Faria, reclama da postura do reitor. Ela conta que o prazo para entregar a lista tríplice para o MEC encerra no dia 12 de Novembro, dando tempo para realizar a consulta. Para a estudante, essa foi uma manobra de Cesar Borges para evitar possíveis denúncias de improbidade administrativa.
"Quando pedimos o adiamento dessa reunião, o presidente do Consun, que é o reitor, ele alegou que se fosse mais para frente [as eleições] poderia atrapalhar as obras do Reuni. No entanto, outras pessoas dizem que o conselho não poderia ser adiado porque, se mais acusações de improbidade administrativa surgissem, o atual reitor não poderia nem se candidatar. Estava tudo armado desde o início", diz.
No início de Agosto, a Justiça Federal determinou que o reitor demitisse 700 funcionários contratados irregularmente para fundações da universidade e realizasse concurso público. De acordo com a ação do Procurador Max Palombo, em alguns casos a relação configura nepotismo, já que muitos foram contratados a partir de indicações de parentes que já trabalham na UFPEL.
Reportagem: Raquel Casiraghi
Agência Chasque
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