Dilma Roussef diz que autonomia universitária tem limites

Reunida no dia 30 de setembro com reitores das universidades federais, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse não ver problema em retomar a discussão da autonomia universitária, mas deixou claro que o governo não pretende dar uma carta em branco para as instituições. Dilma afirmou que a autonomia não permitirá que reitores dêem aumentos salariais sempre que quiserem, nem livrará as universidades dos órgãos de fiscalização.

– Vamos caminhar (para a autonomia). Mas, a autonomia não vai significar acabar com controle interno, estar liberado para dar o aumento salarial que quiser. Porque não somos um país rico. Talvez consigamos fazer uma autonomia maior com o recurso do pré-sal.

Dilma foi aplaudida de pé após quase três horas de conversa com cerca de 50 reitores e pró-reitores, na sede da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Mesmo assim, ouviu cobranças.

Uma delas foi sobre o projeto de reforma universitária, que prevê a autonomia, enviado pelo governo ao Congresso em 2006 e esquecido. A ministra foi lembrada que as universidades estaduais paulistas já se beneficiam desse mecanismo há quase 20 anos. Essas instituições têm assegurada uma parcela da arrecadação do governo estadual e liberdade para decidir a destinação dos recursos. Já as universidades federais dependem do Ministério do Planejamento para repor servidores exonerados.

Ministra cobra contrapartida das universidades

Dilma disse que defendia a autonomia já no tempo de estudante. Observou, porém, que as instituições precisarão melhorar a sua gestão:

– Autonomia é via de mão dupla.

O reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Ronaldo Pena, reclamou dos baixos salários para servidores técnico-administrativos de nível superior. Segundo ele, a remuneração média de R$1.500 afasta os melhores profissionais e provoca rotatividade de pessoal. Dilma concordou que o problema existe e que reajustes lineares não são possíveis. Seria preciso priorizar certas carreiras e áreas.

Ela frisou a importância das universidades federais e defendeu parcerias com empresas. Responsável pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), disse que o país precisa formar engenheiros.

Antes de Dilma chegar, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, anunciou que deixará o cargo nos próximos dias. Ele poderá trabalhar no Ministério da Ciência e Tecnologia, mas a transferência não está certa. Segundo auxiliares, Mota se desentendeu com o ministro da Educação, Fernando Haddad, sobre a condução do trabalhos na secretaria, responsável pela expansão das federais e pela regulação do setor privado.

Fonte: O GLOBO