DesGoverno Yeda: Brigada Militar bate em trabalhadores

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Um efetivo de cerca de 400 policias, fortemente armados e equipados com cachorros, cavalos e motos, foi usado na tarde de quinta-feira, 16, para reprimir manifestantes que participavam da 13ª Marcha dos Sem, no centro de Porto Alegre. 17 trabalhadores ficaram feridos, nove foram conduzidos ao Hospital de Pronto Socorro da capital.

A professora de Erechim, Marli Kumpel (52), terá que fazer um enxerto no dedão do pé, por causa das bombas de efeito moral. A Marcha dos Sem ocorre anualmente, e nunca na sua história tinha sido reprimida com violência.

 

Mais de cinco mil trabalhadores, organizados em sindicatos e em movimentos sociais, concentram-se em frente ao Centro Administrativo do Estado, no bairro Praia de Belas, de onde saíram em caminhada até o Palácio Piratini para o ato de encerramento da manifestação, que protestaria contra as políticas de sucateamento dos serviços públicos em detrimento da iniciativa privada e contra a falta de políticas para a reforma agrária e geração de empregos ambientalmente sustentáveis.

Durante a caminhada, a Marcha foi acompanhada pela Brigada Militar, sem o registro de problemas. Mas ao chegar ao Palácio, os trabalhadores foram surpreendidos pelo forte aparato militar.

Sem necessidade, a tropa de choque impediu o acesso do caminhão ao espaço tradicionalmente usado para manifestações. Durante a negociação para liberar o acesso, três bombas de efeito moral foram lançadas no meio da multidão. O barulho e a fumaça provocados pelos artefatos serviram de cortina para que balas de borracha fossem lançadas no meio da multidão. O asfalto da rua Espírito Santo e do estacionamento em frente ao Palácio ficou marcado pelas manchas de sangue.

Os governos tucanos e as Polícias

Na mesma quinta-feira, dia 16 de outubro. Em São Paulo, milhares de policiais civis, que estão em greve há um mês, fizeram caminhada pacífica para pressionar o governador. José Serra não recebeu os líderes do movimento grevista e colocou a cavalaria e a tropa de choque da PM contra os policiais civis. O saldo foi de 22 feridos.

Em Porto Alegre, o comandante da Brigada Militar, coronel Paulo Mendes, que já avançou contra professores desarmados (um deles deficiente físico), cometeu mais uma de suas investidas contra manifestação pacífica. O lamentável episódio deu-se durante a Marcha dos Sem, que acontece há 13 anos. Governos tucanos de São Paulo e do Rio Grande do Sul, além de pagarem os piores salários do Brasil aos seus policiais, parecem não entender qual é o papel constitucional das polícias.

A violência das ações da Brigada Militar no Rio Grande do Sul, nos últimos meses, está preocupando entidades sindicais e movimentos sociais. Em repúdio à truculência da Brigada Militar, mil pessoas protestaram novamente na manhã desta sexta-feira (17), em frente à agência central do Banrisul, na Capital gaúcha.

Os trabalhadores carregavam fotos impressas de bancários feridos pelas agressões policiais. Eles caminharam com as imagens no interior da agência, para que os servidores que não aderiram à greve e demais cidadãos enxergassem a violência.

A diretora do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e região (SindBancários), Lourdes Rossoni, aponta que a repressão da Brigada Militar, na quinta-feira (16), lembrou a atitude dos policiais na época da Ditadura Militar.

“Nós não víamos isso há muito tempo, nos lembrou a época da Ditadura Militar. Uma manifestação pacífica e a gente recebe, ao invés do diálogo, a truculência da Secretaria de Segurança que entende que manifestação de trabalhadores é coisa de baderneiro. Isso é um absurdo”, diz.

A manifestação desta sexta-feira, foi motivada pelos episódios que ocorreram no dia anterior, quando pelo menos 17 pessoas ficaram feridas, durante confrontos com a Brigada Militar, em protesto de bancários e no encerramento da 13ª Marcha dos Sem.

No caso dos bancários, cerca de 250 trabalhadores estavam em frente ao Banrisul exigindo que a direção do banco negociasse com a categoria, que está em campanha salarial. A Brigada Militar alega que os servidores estavam impedindo a entrada dos clientes e precisou agir para desobstruir a passagem.

No entanto, a sindicalista diz ter informações de que o próprio Banrisul teria acionado a Brigada Militar para retirar os manifestantes e não precisar negociar com a categoria. A direção do Banrisul informou, através da assessoria de imprensa, que não vai se manifestar sobre o assunto.

Fonte: Paula Cassandra/Agência Chasque
Foto: Marisane Pereira/Feeb-RS

 

Mil pessoas repudiam violência da Brigada Militar gaúcha na sexta-feira