Estudantes Kaigangues da Ufrgs denunciam suas dificuldades de adaptação e a insuficiência da política de acolhimento


Atendendo ao convite de um grupo de estudantes kaingangues da UFRGS, a deputada Stela Farias esteve, no final da tarde de terça-feira (21), na Casa do Estudante para conversar sobre as dificuldades do grupo em permanecer na universidade. Além dos estudantes, o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Maurício Farias, participou do encontro.

Os estudantes ingressaram em 2008 e 2009, quando foram disponibilizadas as primeiras vagas para indígenas que não integram o sistema de cotas sociais e raciais adotado no mesmo ano e que determina a oferta de 30% das vagas em todos os cursos. As vagas para indígenas são criadas anualmente e, ao não serem ocupadas, são extintas.

Entre as dificuldades relatadas estão a dificuldade de adaptação à rotina universitária e a insuficiência da política de acolhimento, principalmente por parte da Funai. Os estudantes consideram muito baixa a ajuda de custo disponibilizada pela Fundação e reivindicam a criação de uma casa dos estudantes específica para os indígenas.

“Realmente é um desafio para esses estudantes que vêm de um cultura completamente distinta adaptarem-se à exigente rotina da Universidade Federal. É necessário, portanto, que tenham toda a atenção institucional possível. Eu estou providenciando reuniões para discutir a questão tanto com o líder do Governo Federal, deputado Henrique Fontana, quanto com os ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Este último para atendermos também a questão do desenvolvimento nas aldeias” afirmou Stela.

A parlamentar propôs a criação de um Núcleo de Estudantes Indígenas com o objetivo de fortalecer o vínculo entre a universidade e os estudantes, além de propor políticas de acolhimento para novos estudantes.

Além de buscar a inclusão das minorias em todos os espaços da sociedade, a política de inclusão do Governo Federal tem como objetivo, no caso das comunidades indígenas, substituir gradativamente os profissionais não indígenas que trabalham atualmente nas escolas, postos de saúde e mesmo em funções administrativas nas terras indígenas amparadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Atualmente, existem estudantes indígenas de origem kaingang e guarani cursando Medicina, Enfermagem, Odontologia, Nutrição, Agronomia, Direito, Ciências Sociais, Pedagogia e Jornalismo.

No Rio Grande do Sul, conforme o Censo Escolar de 2005, existem mais de 50 escolas kaingang e guarani, onde estudam cerca de 5.270 alunos de suas comunidades.

Foto: Adriano Marcello
Fonte PTSul