Mais 80 trabalhadores terceirizados da UFRGS perderão o emprego antes do final do ano.

Depois dos 400 trabalhadores da Ondrespb, ameaçados de serem demitidos na véspera do natal, agora é a vez dos 80 trabalhadores da GRES empresa que cuida da manutenção da UFRGS. O contrato com a GRES não foi renovado pela UFRGS e por este motivo a manutenção da universidade estará sendo feita pelos servidores da universidade. Mesmo assim, muitas áreas ficarão descobertas.

Hoje (28/12) pela manhã os trabalhadores da GRES tiveram uma reunião com a direção da empresa que propôs que eles continuassem trabalhando, na empresa, por produção. Na avaliação da coordenadora da Assufrgs, Bernadete Menezes, esta é uma maneira de forçar os trabalhadores a pedirem demissão e perderem o tempo de serviço, caso fossem demitidos pela GRES.

Também hoje pela manhã teve outra reunião com o Vice-Superintendente de Infraestrutura – Obras Eng. Pedro César Saul Almeida. Segundo Bernadete em princípio será contratada uma nova empresa em caráter emergencial. Bernadete propôs a mesma saída que ocorreu com a Ondrespb que fosse feito um contrato emergencial por um período de tempo determinado para que os trabalhadores possam organizar as suas vidas.

 

Artigo: Infeliz Ano Novo!
 
Para a maioria da comunidade universitária eles não tem nome, é o eletricista, o carpinteiro, o pintor. São eles que limpam nossas salas, consertam os ventiladores, resolvem os vazamentos de água, instalam computadores, em fim mantém esta universidade funcionando. No entanto, mesmo que trabalhem nela e paguem seus impostos sequer podem sonhar em ver um filho sentado nos bancos desta universidade.

Ninguém está preocupado com seu destino. Para o reitor em exercício eles são "problema" da empresa, a empresa diz que eles procurem o sindicato deles, o sindicato nem atende o telefone. Independente de quem é o "problema", a verdade é que quando acaba o contrato da empresa, ao qual trabalham, vão para a rua.

Não importa que eles/as tenham trabalhado anos nesta universidade. Alguns tem mais de dez anos conosco. Não importa que muitos entraram como auxiliar e hoje aprenderam com nossos colegas da manutenção uma profissão aqui dentro. São técnicos de móveis e esquadrias, de serralheria, de pintura, de hidráulica, vidraceiros etc. O que importa é que eles são postos de trabalho a ser repostos e não seres humanos. Não importa se falta um mês para se aposentar, se a mulher está grávida ou o filho doente.

Na semana passada foram as colegas da limpeza. A Assufrgs se mobilizou e conseguiu junto a Administração um contrato temporário de mais nove meses segundo o Pró-reitor Maurício Viegas. Neste caso, no meio deste caos é importante registrar o trabalho competente da Gerência de Terceirizados (Gerte) da Ufrgs, que acompanhou passo a passo a situação dos colegas da limpeza impedindo assim um resultado pior.

Hoje estamos a alguns dias do final do ano e mais uma empresa está saindo, a Gres, e junto com ela uma centena de trabalhadores. Colegas que foram informados nas vésperas de Natal que se apresentassem na segunda – hoje – para uma conversa com o dono da empresa. Além de desumano, deixa a Ufrgs descoberta neste período, onde muitos funcionários estão de férias ou de recesso.

Estivemos com o dono da empresa que informou que vai remanejar estes trabalhadores para outros postos, mas, segundo suas próprias palavras, "nós nunca atrasamos o salário de vocês, mas agora não sabemos se vamos poder pagar em dia". Com a Suinfra fomos recebidos por Almeida, que ficou se inteirar melhor sobre a questão e nos dar um retorno ainda hoje. A Assufrgs está aguardando.

O que os trabalhadores querem é pelo menos um contrato provisório para que possam organizar melhor suas vidas. Isso a Ufrgs e a empresa podem fazer, ou desejam para estes trabalhadores e suas famílias um Infeliz Ano Novo? 

Por Bernadete Menezes