TV dos Trabalhadores estreia dia 13 de agosto, após 23 anos de luta

Emissora educativa terá jornalismo, entrevistas, debates, documentários e serviços sobre o mundo do trabalho. Lula deve comparecer neste momento histórico dos trabalhadores brasileiros

Rossana Lana

Coletiva de imprensa marcou o anúncio de lançamento da Rede TVT

A TVT, primeira emissora de televisão outorgada a um sindicato de trabalhadores, entra no ar no próximo dia 13 de agosto, a partir das 19h. Resultado de 23 anos de luta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a emissora educativa é uma geradora e foi outorgada em outubro do ano passado à Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, entidade cultural sem fins lucrativos criada e mantida pelo Sindicato.

A programação irá ao ar pelo canal 46 UHF. Também estará em 27 canais comunitários (a cabo) da Grande São Paulo e em mais de 240 pontos de abrangência da Rede NGT em todo o País. A programação será transmitida simultaneamente pela TV Web do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (www.smabc.org.br), cujo novo portal foi "inaugurado" nesta quinta-feira (29).

"Todos reconhecem a importância histórica que essa Casa (o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) teve na luta pela consolidação da democracia no Brasil. A TVT é resultado dessa democracia e um direito dos trabalhadores", afirmou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (29) para anunciar a estreia da emissora e os detalhes da outorga e da programação da TVT.

"Queremos ser um canal de amplificação da voz dos movimentos sociais", disse o diretor de Comunicação do Sindicato, Valter Sanches, e presidente da Fundação.

Para marcar a estreia da TVT, o Sindicato realizará uma festa no dia 13 de agosto, a partir das 18h, no Cenforpe, em São Bernardo. O evento terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (ainda a ser confirmada oficialmente).

A TVT terá diariamente uma hora e meia de produção própria (veja grade abaixo). O carro-chefe é um jornal ao vivo de 30 minutos – Seu Jornal -, que será exibido de segunda a sexta-feira. Integram a grade outras sete produções envolvendo serviços, debates, documentários, cooperativismo, entrevistas e destaques do mundo do trabalho. Para garantir o restante da programação, foram firmadas parcerias com a TV Brasil (pública) e as TVs Câmara e Senado, que fornecerão noticiário nacional, reportagens especiais e documentários.

Equipe
Equipe com 70 profissionais é responsável pela produção da programação própria da TVT. Segundo Valter Sanches, foi investido R$ 1 milhão na compra de equipamentos. O custo mensal da programação da TVT está estimado em R$ 400 mil. Por ser educativa, a emissora não pode veicular publicidade nem ter patrocínios, mas apenas apoios culturais.

Para poder se habilitar legalmente à concessão, o Sindicato fez um aporte financeiro de R$ 15 milhões com recursos próprios (aprovado em assembleia em 2007) na conta da Fundação. Sanches e Sérgio Nobre afirmaram que o Sindicato ira buscar apoios culturais e novos parceiros para a TVT ainda este ano. "Vamos fazer dessa emissora uma grande rede nacional", afirmou o presidente do Sindicato.

Fundação – A outorga da emissora foi feita em outubro do ano passado por meio de decreto assinado pelo presidente Lula e pelo então ministro das Comunicações, Hélio Costa. Além do Canal 46 UHF, a Fundação também já teve outorgadas, no ano passado, mais uma emissora UHF, em São Caetano, e duas emissoras de rádio (uma em São Vicente e outra em São Caetano).

A Fundação foi criada em 10 de setembro de 1991, sem fins lucrativos, para produzir e divulgar programas de conteúdos educativo, cultural, informativo e recreativo, em todo o território nacional. É presidida pelo dirigente do Sindicato Valter Sanches, metalúrgico na Mercedes-Benz, e dirigida por conselho composto por 40 membros eleitos em assembleia a cada três anos, que representam diversas categorias de sindicatos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), como Metalúrgicos e Químicos do ABC, Bancários de São Paulo e do ABC, Petroleiros, Professores e Jornalistas de São Paulo.

Desde 1987 – O primeiro pedido de concessão de canais de rádio e televisão para os trabalhadores via Sindicato foi feito em setembro de 1987. A entidade participou de quatro concorrências de concessão de radiodifusão e foi preterida em todas, apesar de ter cumprido todos os requisitos exigidos por lei. Em 1992, houve mais uma negativa, à época já em nome da Fundação Sociedade Comunicação, Cultura e Trabalho.

Em abril de 2005, a Fundação conseguiu a concessão do canal educativo 46 UHF, com sede no município de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), com aprovação do Congresso Nacional. Na ocasião, o presidente Lula assinou o decreto da concessão na abertura do 16º Congresso Continental da Ciosl-Orit (Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres – Organização Regional Interamericana de Trabalhadores), que reuniu representantes das principais centrais sindicais de 29 países das Américas.

No ato, Lula lembrou que era deputado constituinte quando levou o deputado federal e então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Vicentinho (PT), para conversar com o ministro das Comunicações à época, Antônio Carlos Magalhães (governo Sarney), e pedir pela primeira vez a concessão.

"O fato de Lula, um operário metalúrgico, ser o presidente da República foi determinante para que o Sindicato/Fundação conseguissem a concessão da TVT e as demais outorgas", disse Sérgio Nobre.

Divulgação

Grade de programação da Rede TVT, que estreia em 13 de agosto

Em rede – A Fundação firmou uma parceria com a Acesp (Associação dos Canais Comunitários do Estado de São Paulo) para retransmissão da programação da TVT em 27 emissoras comunitárias nas sete cidades do ABC (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – canal 48) e nas seguintes praças: Atibaia, Bragança Paulista, Cubatão, Guarulhos, Itapetininga, Mogi das Cruzes, Osasco, Peruíbe, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Jacareí, São José do Rio Preto, Valinhos, Limeira, Americana, Rio Claro, Sumaré, Hortolândia, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Itapetininga e São Paulo (capital).

Outra parceria foi firmada com a Rede NGT, por seis meses, para retransmitir a programação da TVT a diversas regiões do Estado de São Paulo e do Brasil. São mais de 240 pontos de abrangência em todo o País.

Na Grande São Paulo, por exemplo, são 26; na região de Bauru, mais 26; na Grande Rio de Janeiro, 16; em Minas Gerais, 87 (17 no sul-sudeste); na região do Cariri, no Ceará, 24. A população total dessas regiões é de 40 milhões de habitantes e 12 milhões de domicílios com televisores, segundo dados da NGT.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC