Uniforme obrigatório é alvo de protesto no Colégio de Aplicação da Ufrgs

Símbolo de padronização de comportamento, o uso obrigatório do uniforme é quase sempre alvo de polêmica nas escolas. Ontem pela manhã, foi a vez dos alunos do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), localizada no Campus do Vale, na Capital, se rebelarem contra a vestimenta escolar.

– Às vezes a direção flexibiliza, outras ela simplesmente não nos deixa entrar na sala de aula – relata Luísa Chini, 16 anos, presidente do grêmio estudantil.

A aluna do terceiro ano do Ensino Médio revela que as inquietações do grupo não se restringem a ficar do lado de fora da sala de aula, tendo que realizar atividades pedagógicas. O que eles realmente desejam é ter voz, serem ouvidos e considerados.

– Não é só uma besteira estética, nem uma causa filosófica “superpseudocult”– diz Mateus Ribeiro, 17 anos.

Luísa acrescenta que o argumento da direção é a preocupação com a pluralidade das classes socias – a instituição é famosa pelo ensino público de qualidade, e não é difícil encontrar numa mesma sala o filho de um desembargador sentado ao lado do filho de uma empregada doméstica. Usar uniforme, portanto, seria uma forma de diminuir as desigualdades sociais entre os colegas.

– Na teoria, pode até ser. Mas aqui todos sempre conviveram em harmonia. Somos conhecidos pela miscigenação e pela tolerância dos nossos grupos – argumentou ela.

Diretor do colégio, Edson Lindner afirma que o uniforme se tornou obrigatório há cerca de quatro anos por uma determinação da Comunidade de Pais e Mestres do Colégio de Aplicação (Copame). Ou seja, foi uma exigência dos pais dos alunos.

– Quando assumi, em 2008, me cobravam por que essa regra não estava sendo cumprida. Pensamos nos benefícios, como segurança nas paradas de ônibus, na entrada do colégio, a praticidade, e resolvemos colocar em prática. Afinal, regras são para serem cumpridas – diz o diretor.

Lindner brinca:

– Tem tantas outras causas para protestar. O dinheiro da merenda escolar, por exemplo, chegou só agora. E eles insistem no uniforme.

Uma nova assembleia do Copame, no dia 11 de setembro, vai redefinir os rumos da polêmica.

As razões do colégio

– Diminui a visualização das desigualdades de um colégio público

– Aumenta a segurança na parada de ônibus

– Facilita o controle de entrada e saída de alunos das dependências da escola

– Aumenta a segurança dentro do colégio, evitando entrada de estranhos