BM impede sem-terras de ingressarem com veículos em acampamento de Viamão

Fonte: Correio do Povo

MST promete manter ocupações enquanto governo não anunciar assentamentos
Grupo está acampado em Viamão desde ontem
Centenas de famílias integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) passaram a noite acampadas em três áreas no Rio Grande do Sul. Na manhã desta terça-feira, houve um desentedimento entre integrantes da Brigada Militar (BM) e trabalhadores que ocupam uma fazenda em Viamão, na Região Metropolitana.
Um grupo pessoas que está na área  junto à ERS 040 queria ingressar no local com água potável e comida, mas os integrantes do Comando Rodoviário e do Batalhão de Operações Especiais tentaram impedir a entrada. O líder do movimento no local, João Paulo Silva, acusa a Brigada Militar de ter atirado contra as famílias e ameaçado os sem-terra de morte.
O comandante da operação no local, tenente André Furasté, nega que tenham sido disparados tiros. Ele esclarece que a ordem foi impedir a entrada de veículos que podem trazer armas e, por isso, há uma indicação para que mantimentos sejam carregados a pé.
Em Sananduva, cerca de 250 sem-terra estão acampados em uma propriedade rural a 12 quilômetros da ERS 126. A Brigada Militar informou que proprietários do local vão encaminhar pedido de reintegração de posse. O outro acampamento do movimento está localizado em Vacaria, com 400 integrantes do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragens, instalados junto à BR 285.
Os sem-terra acusam o governo do Estado de descumprir acordo feito em abril deste ano, quando o governador Tarso Genro se comprometeu em agilizar a reforma agrária no Rio Grande do Sul. O movimento espera a compra de uma área no Norte do território gaúcho para assentar 100 famílias, além da desapropriação das fazendas Palermo, em São Borja, e Santa Verônica, em Santa Margarida do Sul. Eles prometem manter a ocupação enquanto o governo do Estado não anunciar novos assentamentos.
O secretário de Desenvolvimento e Cooperativismo, Ivar Pavan, disse que o governo não descumpriu o acordo e mantém o diálogo com os sem-terra. No entanto, ele alegou que o Estado não tem como fazer sozinho a reforma agrária. Conforme Pavan, é aguarda a decisão da Justiça sobre as propriedades e liberação de recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para a compra de áreas.