Ato em defesa do Memorial Luís Carlos Prestes reúne dezenas de pessoas

“De norte à sul, de leste à oeste, todo povo grita: Luís Carlos Prestes!”. O mesmo grito que ecoou pelo Brasil em diferentes momentos do século XX vindo das vozes de militantes comunistas voltou a ser ouvido na tarde deste sábado (29) em Porto Alegre. O motivo era o ato em defesa do Memorial Luís Carlos Prestes, que reuniu dezenas de ativistas e líderes de diversas organizações e partidos políticos de esquerda no prédio projetado por Oscar Niemeyer situado na beira do Guaíba.

No início do mês, uma manifestação no mesmo local, mas de caráter anticomunista, questionou a existência da obra em homenagem ao porto-alegrense Luís Carlos Prestes. Nascido em 1898 e falecido em 1990, Prestes, também conhecido como Cavaleiro da Esperança, foi militar e liderança do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Revolucionário perseguido por diferentes governos, ele protagonizou episódios significativos da história do país, como a Coluna Prestes, em 1926, e a Intentona Comunista, em 1935.

Na edificação em formato de foice projetada pelo também comunista Oscar Niemeyer e seu neto, Paulo Sérgio Niemeyer, organizações e partidos políticos como PCdoB, PCB, PT, PDT, Partido Comunista Revolucionário (PCR), Movimento Avançado Sindical, Partico Comunista da Argentina, PSOL, MST, Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entre outras, estavam presentes, apesar do forte calor.

Faixas com escritos como “Ditadura Nunca Mais!” e pessoas utilizando roupas alusivas ao revolucionário argentino Ernesto Che Guevara podiam ser encontrados dentro e fora do edifício. No interior da obra, vê-se que, embora os trabalhos estejam avançados, ainda faltam iluminação e mobiliário para que tudo esteja concluído. Assim, por enquanto, a trajetória de Prestes pode ser vista por meio de arquivos e imagens dispostos em biombos na sala principal do edifício.

Hoje deputado federal, Vieira da Cunha (PDT), quando vereador de Porto Alegre, criou o projeto de lei que, em 1990, logo após a morte do Cavaleiro da Esperança, garantiu que a área na beira do Guaíba teria como destino sediar um memorial em homenagem a este personagem da história nacional. Vieira faz questão de frisar que, quando faleceu, Prestes era presidente de honra de seu partido, o PDT. Para ele, é importante que a cidade renda tributos a um de seus filhos mais nobres. “Afora tudo isso, também é a única obra do grande Oscar Niemeyer em Porto Alegre. Eu fui até o escritório dele em Copacabana, no Rio de Janeiro, pra apresentar nossa proposta. Ele se dispôs a fazer o projeto e cedeu à nossa cidade, sem custos”, recorda.

Quando começaram as falas no carro de som, os discursos apontavam para a necessidade de se opor aos “fascistóides” que desejam ver o local demolido. Vereadora da cidade pelo PCdoB, Jussara Cony reforçou este chamado: “Nesta tarde quente, como é a luta dos revolucionários, devemos reafirmar nossa luta por um Brasil soberano, democrático e socialista”.

Para Paulo Niemeyer, os ataques são reações estranhas e sem sentido contra a democracia brasileira. Conforme o arquiteto, o prédio é a única obra de Oscar Niemeyer em Porto Alegre e será um local de discussões de ideias sobre o país e a América Latina. O presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, Cícero Alvarez, disse que a manifestação teve o objetivo de defender a memória e o legado de Luiz Carlos Prestes. Para Alvarez, a manifestação do dia 8 é uma falta de respeito com a democracia.

O coordenador da Assufrgs Jerônimo Menezes representou a entidade ao microfone saudando as entidades presentes e a memória do revolucionário comunista. A administração do espaço trabalha com a data de 3 de janeiro de 2015, dia do nascimento do homenageado para inauguração do prédio.

Informações de Caio Venâncio do Sul 21 e Correio do Povo.

 

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