Jornalista publica artigo sobre greve da Assufrgs e Fasubra

O tempo do marketing nem sempre é o tempo da economia e da política. O slogan do governo federal, “Pátria educadora”, chegou antes ou depois do tempo. Não poderia casar com um ministro tucano como Joaquim Levy. Os governos de Fernando Henrique Cardoso foram os piores da história recente do Brasil para a educação. As universidades públicas sucateadas pelo Doutor FHC só foram recuperadas pelo “analfabeto” Lula. Pátria educadora exige recursos. Levy é mãos de tesoura. Recebi uma carta da Associação dos Servidores daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Ciências da Saúde e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. 

Eles estão em greve desde maio. A primeira linha da carta já diz tudo: “A educação federal sofre este ano um corte de aproximadamente 10 bilhões de reais”. Para não prejudicar bancos e grandes fortunas, o ajuste fiscal do governo federal petista com plumagem tucana e articulação peemedebista corta na carne mais exposta. A carta da Assufrgs destaca um ponto que normalmente não aparece na mídia lacerdinha: “Por inexistência de uma política salarial e ausência de negociação e efetiva implementação da data-base e consequente desvalorização e precarização do serviço público, nos vemos obrigados a recorrer à greve praticamente todos os anos como último instrumento capaz de pressionar o governo federal a estabelecer negociação com os servidores públicos”. Parar ou perder. As perdas não param de se acumular: “Tendo por base um estudo do Dieese a respeito da inflação acumulada entre 2011 e 2016, o conjunto dos servidores públicos federais apresentou uma proposta de reajuste de 27,3% com aumento real de apenas 2%. Em contrapartida, o governo propôs reajuste de 21,3%, dividido em quatro anos: 5,5% em 2016; 5% em 2017; 4,75% em 2018; e 4,5% em 2019”. É piada. A inflação de 2015 sozinha já está em quase 10%. A Pátria educadora de Joaquim Levy pretende transformar o Brasil numa Grécia submetida aos ditames da austeridade alemã: economizar cortando ganhos da plebe. Barbada. 

O Brasil viveu alguns anos exuberantes: surgiu uma classe C com poder de compra, as universidades públicas recuperaram vigor, jovens não brancos obtiveram vagas no ensino superior, bolsas de estudo levaram muita gente ao exterior, a pós-graduação ganhou musculatura, aeroportos e aviões encheram-se de pessoas que antes só frequentavam rodoviárias e famílias conseguiram comer todos os dias. O horizonte parecia desanuviado. Os sucessivos erros dos novos donos do poder botaram tudo a perder. O oásis acabou. O poço secou. José Serra quer entregar até o Pré-Sal aos estrangeiros. Voltamos a 1953. Quando o Marketing da Presidência da República bolou a expressão “Pátria educadora”, a vaca já estava a caminho do brejo. A temporada de greves está aberta e não deve fechar tão cedo. Com toda a razão. A magistratura e os políticos sempre dão um jeito de salvar seus ganhos. Dão-se aumentos e auxílios generosos. Aos outros, resta espernear e fazer greve. A Pátria deseducadora voltou a funcionar.

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