Comunidade lança abaixo-assinado pela permanência da Creche da UFRGS

No final da manhã desta sexta-feira, 21 de julho, a comunidade da Creche Francesca Zacaro Faraco da UFRGS se reuniu em frente à instituição em um ato comemorativo aos 45 anos da creche e em defesa de sua permanência. Na ocasião foi lançado um abaixo-assinado em defesa da creche, que pode ser impresso clicando aqui e deve ser entregue no local. 

Após a demissão de 40 professoras terceirizadas, a creche conta somente com uma equipe reduzida, o que ocasiou o funcionamento em turno parcial. A redução de profissionais e tempo de atendimento levou a uma evasão. No momento apenas 35 crianças seguem na creche, em abril eram 120. 

A diretora da creche Ana Francisca Schneider Grings fez um apelo para a permanência do funcionamento da instituição, ressaltou a importância das professoras que seguem trabalhando no local e denunciou o descaso com o espaço. "O último concurso que teve para a creche foi em 1994, são portanto 23 anos sem um olhar cuidadoso para esta creche." A diretora ainda ressaltou que além da situação difícil da instituição, as professoras receberam um processo recente: "Ontem chegou um processo responsabilizando agora as servidoras da creche pelo estado de não atendimento às crianças. Chegamos em um momento de exaustão psicológica muito grande para essas servidoras. Nesse momento estamos tendo que reponder mais um processo, que agora ataca as servidoras que estão há mais de 20 anos sendo a alma dessa creche, o fazer pedagógico. É um sentimento de tristeza profundo". 

Além de pais de alunos e ex-alunos da creche, visivelmente emocionados com a situação atual do espaço, também se pronunciou uma das professoras terceirizadas que perderam o seu emprego, Karen Wilke Nunes: "Foram 40 colegas demitidas, 40 famíias que perderam o seu sustento e ainda hoje muitas delas não chegaram nem a receber a sua rescissão, isso desde abril." O ato encerrou com um abraço coletivo ao redor da creche. 

Entenda o caso

O processo teve início em 2013, a partir de uma exigência do MEC para que a Creche fosse municipalizada ou vinculada ao Colégio de Aplicação. Mesmo ocorrendo essa vinculação, o problema não se resolveu, pois não houve reposição, via concurso, do quadro de professores. Agravando essa situação, em 12 de abril de 2017 encerrou o prazo de validade do contrato dos professores terceirizados e, em virtude de denúncias no Ministério Público do Trabalho, não houve renovação. Esse processo judicial culminou na saída de cerca de 40 professores terceirizados e a Creche, que atendia mais de 100 crianças de 0 a 4 anos, servindo como espaço de ensino, pesquisa e extensão para a comunidade acadêmica da UFRGS, ficou sem alternativas de novos modelos de contratação de professores, resultando em prejuízo no atendimento às crianças. 


Desde então, a Creche está sendo mantida pela força de trabalho das poucas servidoras de sala de aula, que prestam atendimento às crianças em turno parcial, contando com o apoio dos demais setores. Foi necessário um remanejamento de turmas e professoras, mas a situação precária e a impossibilidade de atendimento integral geraram altos índices de evasão. 


Até o momento, a Administração Central da UFRGS está em tratativas com o Ministério Público do Trabalho para regularizar a situação emergencial da Creche. Mesmo tendo sido procurada por mães, pais e comunidade acadêmica, não há a devida transparência quanto aos resultados dos encaminhamentos realizados.


A única alternativa apresentada para as famílias e à equipe é que seria contratada uma creche particular, que atuaria dentro da Universidade. Essa parece ter sido a proposta encaminhada pela reitoria ao Ministério Público do Trabalho, mas ainda não há informações oficiais sobre o desfecho desse processo.


Nesse cenário de indefinições, vem ocorrendo um processo de esgotamento físico e psicológico dos servidores e das famílias que ainda resistem neste espaço. Muitos pais estão buscando outras opções de atendimento, ocasionando um esvaziamento da Creche, local antes tão procurado e elogiado por todos, e que hoje, aos 45 anos de existência, corre um sério risco de se transformar apenas em história.

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