Memorial Luiz Carlos Prestes será inaugurado nos dias 27 e 28 de outubro

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Após 27 anos, o Memorial Luiz Carlos Prestes será inaugurado nos dias 27 e 28 de outubro, com uma programação que inclui visitação, debates, exposição, shows e ato político (ver abaixo). A inauguração coincide com o centenário do começo da Revolução Bolchevique. “O Memorial tem um tripé: homenagear o patriota, o revolucionário e o comunista. Ele será um espaço não de um grupo de comunistas, mas da cidade de Porto Alegre”, explica Edson Ferreira dos Santos, vice-presidente do Memorial Prestes, que participou das discussões sobre o projeto desde o início.

Projetado por Oscar Niemeyer e seu bisneto Paulo Sérgio, e projeto de iluminação de Peter Gasper, o memorial, localizado no começo da avenida Ipiranga, no bairro Praia de Belas, homenageia o maior nome do comunismo no Brasil e é a primeira obra de Niemeyer na Capital. Com uma área construída de 700 m2, o prédio está dentro de um terreno com totalidade de 10 mil m2, incluindo a sede da Fundação Gaúcha de Futebol (FGF). O prédio vermelho e branco, revestido de vidraças pretas, tem formato circular e é dividido em duas partes. Essa divisão interna é no formato do caminho trilhado pela Coluna Prestes.

No lado maior do prédio, uma exposição fixa sobre a trajetória de Prestes será contada através de uma linha do tempo composta por fotografias e documentos, grande parte desse acervo doada por Anita Leocádia. O local também conta com um pequeno auditório para palestras, aulas públicas e debates. Entre as paredes vermelhas e sinuosas do memorial há uma entrada para uma sala pequena e toda preta, na qual se aborda o período de exílio de Prestes, com a cor e a localização funcionando como uma metáfora, refletindo uma das lembranças do bisavô mantidas por Paulo Sérgio Niemeyer. “Uma das coisas que o Oscar me ensinou foi que a arquitetura tem que ter uma razão de ser”, diz.

O material foi cedido ao Memorial pela filha mais velha de Prestes, Anita Leocádia, que acompanhou e aprovou o projeto desde o início. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Inauguração do Memorial Luiz Carlos Prestes

Datas: 27 e 28 de outubro de 2017
Dia 27/9 – 19h às 21h
Dia 28/9 – 9h às 20h

Programação

Dia 27 de outubro – Sexta-feira
19h às 21h – Cine-debate com o diretor Silvio Tendler e o jornalista e fundador da Telesur Beto Almeida.

Dia 28 de outubro – Sábado
9h às 12h – Debate sobre a crise do capitalismo e a conjuntura latino-americana.

14h às 20h – Ato inaugural com visitação, shows, exposição e ato político.

Apresentações:
– Lígia Lasevicius e Gustavo Pereira
– Leonardo Ribeiro
– Demétrio Xavier
– Pedro Munhoz
– Grupo Unamérica
– Lenine Guarani

Presenças confirmadas:
– Olívio Dutra
– Tarso Genro
– Vieira da Cunha
– Pedro Ruas
– Eduardo Loureiro
– José Fogaça
– José Fortunati
– Adão Villaverde
– Paulo Pimenta
– Henrique Fontana

 

Quem foi Luiz Carlos Prestes

Nascido em Porto Alegre no ano de 1898, Luiz Carlos Prestes cresceu na rua Riachuelo, no centro da Capital. Em 1919, morando no Rio de Janeiro, se formou em Engenharia Militar pela Escola Militar do Realengo, uma espécie de precursora da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), e foi engenheiro ferroviário e tenente na capital fluminense antes de ser transferido de volta para o Rio Grande do Sul para construir a linha férrea entre Santo Ângelo e Giruá, na região das Missões.

Em 1924, em uma revolta contra o governo do presidente Artur Bernardes, Prestes marchou por mais de 20 mil quilômetros no Brasil no que ficou conhecido como Coluna Prestes. Partindo de Santo Ângelo, a Coluna chegou a ter 1500 integrantes quando passou pelo Mato Grosso. Para evitar conflitos com o Exército, se usava táticas de guerra de movimento para superar os adversários. Ainda assim, nos 25 mil quilômetros percorridos pela Coluna, houve 53 combates com as tropas. Em 1927, a Coluna terminou na Bolívia, onde se exilou.

Em 1931, Prestes foi morar na União Soviética, e depois retornou ao Brasil como membro da Internacional Comunista, acompanhado da alemã Olga Benário. No Brasil, Prestes foi aclamado como presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento antifascista. Ele buscou em contatos da época de capitão para consolidar uma possível tomada do poder. Em 1935, Prestes publicou um manifesto pela derrubada de Getúlio, o que levou o então presidente a declarar a ANL ilegal, e acarretou na insurgência chamada Intentona Comunista. O movimento foi combatido e derrotado pelas tropas fiéis a Getúlio, levando à prisão de Prestes e a deportação de Olga, grávida, para a Alemanha nazista. Lá, Olga deu à luz a Anita, única filha do casal, e tempo depois foi entregue à mãe de Prestes, Leocádia. Em 1942, Olga morreu em uma câmara de gás.

Prestes se casaria novamente em 1950 com Maria, com quem teve sete filhos. Ele foi eleito senador em 1946, liderando a bancada comunista na Assembleia Constituinte daquele ano, junto com outros parlamentares como o escritor Jorge Amado – que escreveu em 1942 o livro O Cavaleiro da Esperança, intitulado assim pelo apelido de Prestes – e o futuro guerrilheiro Carlos Marighella. Exerceu o mandato até 1948, quando retornou à clandestinidade após a nova cassação do Partido Comunista do Brasil (PCB). Após o golpe militar, Prestes se exilou novamente na União Soviética no fim dos anos 60, retornando ao País após a promulgação da Lei de Anistia. Ele apoiou Leonel Brizola nas candidaturas ao governo do Rio de Janeiro e à presidência nas primeiras eleições diretas, e foi aclamado como presidente de honra do PDT. Prestes faleceu em 7 de março de 1990, aos 92 anos, no Rio de Janeiro.