SPFs lançam Campanha Salarial, e apontam indicativo de greve caso o governo não atenda às reivindicações

O Fórum Gaúcho dos Servidores Públicos Federais lançou, na manhã da última quarta-feira (22), a Campanha Salarial de 2014, que reivindica reajuste salarial e direito à revisão anual dos salários (data-base) para o funcionalismo público federal.

O Fórum realizou coletiva de imprensa, no Sindisprev-RS, como atividade de abertura da Campanha, a fim de esclarecer ao conjunto da sociedade às reivindicações dos servidores frente a atual conjuntura de ataques aos direitos trabalhistas, e perdas salariais históricas. Fizeram parte da mesa de abertura da Campanha a Coordenadora da ASSUFRGS Bernadete Menezes; o diretor do Sintrajufe/RS Cristiano Moreira; o diretor do Sindisprev-RS José de Campos Ferreira; e o diretor do Sindiserf Marizar Melo.

 

Cenário da situação dos trabalhadores

As jornadas de junho expressaram, pela juventude, a insatisfação da população e dos trabalhadores com os governos quanto os direitos básicos e sociais nas esferas da saúde, educação e transportes de norte à sul do país. A Presidente Dilma Rousseff atendeu às massas, respondendo com os 5 pactos (responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte, e educação) às reivindicações colocadas nas ruas. No entanto, esses pactos, todos muito bem amarrados em torno do pacto da Responsabilidade Fiscal, mostrou o verdadeiro caráter do governo em atacar os direitos dos trabalhadores, beneficiando, em última instancia aos setores empresariais da sociedade que exploram esses mesmos trabalhadores.

Tentam mostrar que no Brasil fizeram diferente. Cresceu, se desenvolveu. Mas, a ofensiva, na realidade, é mundial. A Reforma da Previdência está pegando todos os países. Não há nada de diferente quando diz respeito aos ataques que os trabalhadores e o povo recebem dos patrões e governos no mundo inteiro. Nossa luta não é só por reajuste salarial: é também por reajuste salarial. Pois, somos todos trabalhadores! “, afirmou a Coordenadora da ASSUFRGS, Bernadete Menezes.

As políticas do governo, segundo o Coordenador do Sindisprev-RS, José de Campos Ferreira, apresentam o fim de um ciclo da política economica dos governos, com esgotamento das formas e respostas a apresentar frente às contradições do Estado Capitalista. “As manifestações em junho e julho de 2013 ganharam nova qualidade, no cenário político. Mostraram a maquiagem em dados que colocam o Brasil como um dos países mais desenvolvidos do mundo, com pleno emprego, etc. Exigimos não somente as reivindicações economicas dos servidores públicos federais, mas principalmente, um projeto para os trabalhadores no Brasil”, disse o diretor do Sindisprev-RS.

O corte no orçamento da União para com os serviços prestados pelo Estado à sociedade aparece na prática: sem previsão de valores para novas reposições salariais; as parcelas do reajuste da greve de 2012 que sequer repõem a inflação do período; perdas históricas salariais; a inércia na regulamentação da data-base; o fim da aposentadoria com integralidade aos novos servidores públicos; a criação do FUNPRESP – o cassino previdenciário; etc. “Todas as medidas do governo é no sentido de restringir os gastos do Estado com a população. Então, não é problema do Estado ser ‘insuficiente’, mas das medidas que favorecem os privilegiados financeiros do país”, reafirma José de Campos Ferreira.

A contrapartida dessa situação, é o aumento das parcerias público-privadas, das privatizações e terceirizações, que não acabam com as contradições existentes na sociedade, mas apenas maquiam a realidade. A terceirização, por exemplo, é uma ofensiva à classe trabalhadora, uma vez que os capitalistas lucram duplamente sobre o trabalhador terceirizado: uma forma da burguesia diminuir os custos de produção, pagando salários mais baixos e isentando-se de garantir os direitos trabalhistas para lucrar duplamente sobre o trabalhador. Na primeira vez, quando esse trabalhador é contratado pela Empresa Terceirizada, pois esta fica com parte do lucro obtido quando: ela repassa esse trabalhador à empresa que contratou ela, a qual lucra novamente sobre o trabalho realizado do trabalhador na prática. Ou seja, a classe trabalhadora cada vez mais pobre, diante do lucro exorbitante da burguesia extraído quando compra sua força de trabalho.

 

A ditadura da democracia capitalista mostra sua face

Para garantir o atual estado de “ordem e progresso” do Capital, no Brasil, eis que o governo lançou em campo, neste mês, uma Portaria que estabelece o uso das Forças Armadas: na repressão às manifestações; para impedir o bloqueio de vias públicas de circulação; garantir que não haja paralisação de atividades produtivas e de serviços críticos à população ou a setores produtivos do país; entre outras medidas. Se o direito de greve já vinha se desenhando como perda histórica no último período; agora a população inteira revive a militarização, para garantir, pela força da democracia, a exploração do trabalho assalariado. “As perdas salariais tendem a se acentuar no próximo período, além de nosso direito de greve que está sendo ameaçado. O governo lançou diretrizes reprimindo os movimentos sociais como forças ‘altamente oponente’”, revela o diretor do Sintrajufe-RS, Cristiano Moreira.

Enquanto o PIB cresce cada vez mais às custas da carne e osso dos trabalhadores, vemos como realidade na vida o arrocho salarial, aumento de produtividade, terceirizações e privatizações, retiradas dos direitos conquistados pela classe em luta na História… elementos que fazem parte de um cenário que se avizinha de possível crise.

Nos últimos 20 anos não tivemos um reajuste que não tenha sido produto de greve. Se o governo não atender às demandas já temos nosso indicativo. Queremos reposição salarial real e definição de data-base já!”, finaliza a Coordenadora da ASSUFRGS Bernadete Menezes.

 

Foto: Cláudio Wayne

 

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