UFRGS PORTAS ABERTAS?

Os (as) conselheiros(as) do CONSUN Bernadete Menezes, Gabriel Focking e Rui Muniz participaram da sessão do CONSUN, no dia 11 de maio.

O servidor Gabriel Focking, fez intervenção na sessão do CONSUN com o texto abaixo descrito. A fala foi realizada na início da sessão, após o ato de posse dos novos conselheiros.

Senhores Conselheiros:

Nos dias 9 e 10 de maio, houve paralisação nacional dos Técnicos Administrativos em Educação, orientada pela FASUBRA Sindical. Infelizmente, ontem (10/05/2012) ocorreu um episódio muito desagradável para a Universidade: os técnicos foram impedidos de ingressar no hall da Reitoria para realizar a atividade de paralisação.

As atividades desenvolvidas no dia de ontem consistiram em café da manhã e realização de debate acerca das pautas internas dos técnicos da UFRGS e UFCSPA. Os técnicos-administrativos que aderiram à paralisação dirigiram-se ao Saguão da Reitoria com esse intuito. No entanto, ao chegar ao local, foram impedidos de ingressar e iniciar as atividades, sob a alegação de que o espaço não havia sido agendado. Esse tipo de exigência nunca foi feita em outras ocasiões, nem nesta administração, nem nas anteriores. O que mais impressionou foi a forma como os técnicos foram tratados pela Administração Central: para impedir a entrada, a segurança da UFRGS bloqueou os acessos da Reitoria, inclusive ameaçando técnicos da Universidade com armas de descarga elétrica. Tal atitude da segurança causou enorme espanto e constrangimento das pessoas que estavam em frente ao prédio. Nós, técnicos-administrativos da UFRGS e UFCSPA, sempre procuramos preservar o patrimônio de nossas Universidades. Sempre procuramos negociar com as outras esferas da Universidade as questões específicas que envolvem nossos movimentos políticos. Exemplo disso foi a orientação da ASSUFRGS aos colegas que trabalham em unidades que receberam a visita da delegação do Ministério da Educação nos mesmos dias da paralisação. De acordo com a orientação da ASSUFRGS, os técnicos dessas unidades deveriam buscar garantir os serviços mínimos necessários para um bom andamento das visitas, procurando não prejudicar a avaliação de cursos em função da paralisação. Esse tipo de orientação tem como princípio a ideia de que o que é bom para a universidade é bom para os seus trabalhadores, assim como o que é bom para os trabalhadores é bom para a Universidade.

O impedimento feito aos técnicos no dia de ontem nos conduz as seguintes dúvidas:

a) será que não temos direito, enquanto cidadãos e trabalhadores que ajudam a construir a Universidade, de utilizar os seus espaços?

b) os técnicos e os alunos já foram impedidos de ingressar na Reitoria? Isso é normal?

c) a postura da Reitoria foi um boicote a nossa paralisação?

d) há alguma norma que impeça os membros da comunidade acadêmica de ingressar na Reitoria ou essa decisão cabe a uma pessoa só, arbitrariamente?

e) o fato só ocorre com os técnicos e estudantes? Por quê?

f) será que nós, técnicos, não merecemos respeito?

g) será que é dessa forma que vamos construir uma Universidade de fato pública, popular, democrática e acessível à comunidade?

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, conforme expresso no art. 2º do seu Estatuto, é uma Universidade Pública e, enquanto pública, deveria ser a “expressão da sociedade democrática e pluricultural, inspirada nos ideais de liberdade, de respeito pela diferença, e de solidariedade”. Infelizmente, a condição de “ente público” da UFRGS foi atacada com o fato lamentável ocorrido no dia de ontem (10/05/2012): nós, trabalhadores da Universidade, sequer pudemos ingressar em um espaço do povo, espaço que deveria ter acesso livre, justamente por ser público. Espaço que deveria ser também um local de debate, para que nele pudéssemos construir a “consciência crítica” e repensar as “formas de vida e suas organizações sociais, econômicas e políticas”, como expressa o artigo citado anteriormente, bem como para aprimorar nossas condições e processos de trabalho, com vistas a garantir uma Universidade de excelência.

Esperamos que situações como a ocorrida ontem não mais aconteçam. Temos a convicção que este Conselho é sensível à situação em que os técnicos foram colocados pela Administração Central, quando esta impediu o acesso ao saguão da Reitoria. O movimento político dos técnicos é um direito e deve ser respeitado. O que queremos é a melhoria de nossas condições de trabalho e de vida, para que assim possamos prestar um serviço público de qualidade.

* Assinam o texto os conselheiros no CONSUN Bernadete Menezes, Gabriel Focking e Rui Muniz.

 

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