Quilombolas comemoram regularização de áreas de seis comunidades no Sul

“Não vamos descansar enquanto cada quilombola não tiver em suas mãos o título de sua terra, para que possa viver com tranqüilidade, continuando a plantar e a sonhar”, declarou o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel, durante a celebração, que reuniu mais de 200 representantes de comunidades gaúchas e contou com a presença da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado, Mozar Artur Dietrich, reafirmou o compromisso da autarquia com os processos de regularização de terras quilombolas: “Até o final do ano pretendemos entregar os títulos de posse da terra às comunidades Silva, em Porto Alegre e Casca, em Mostarda”. Segundo ele, há 25 processos abertos no Incra-RS.

O Instituto informou que a comunidade de Casca, uma das pioneiras na luta pelo reconhecimento e posse de suas terras, recebeu a cópia da Portaria de Reconhecimento de Território Quilombola, última etapa antes da titulação da terra. As mais de 80 famílias de Casca descendem de um grupo de escravos libertos beneficiados pelo testamento de Quitéria Pereira do Nascimento em 1824.

“Essa Portaria representa um passo muito importante na nossa vida. Nossa luta já dura 170 anos, mas nunca tínhamos obtido tanto reconhecimento”, disse um dos representantes da comunidade, Alceu Chaves Gomes.

Para Roberto Potácio, representante da Federação das Associações Quilombolas do Rio Grande do Sul, "é o reconhecimento a todo o trabalho de nossos ancestrais africanos, que ajudaram a construir este país”.

Foram assinados, para as demais etapas da regularização de territórios quilombolas, os Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID) das comunidades de São Miguel e de Rincão dos Martimianos (Restinga Seca). As comunidades de Cambará (Cachoeira do Sul) e Manoel Barbosa (Gravataí) receberam os relatórios sócio-histórico-antropológicos. E as de Rincão dos Martimianos, São Miguel (Restinga Seca), Morro Alto (Maquiné), Cambará (Cachoeira do Sul) e Manoel Barbosa (Gravataí), os relatórios socioeconômicos.

Fonte: Shirley Prestes/Agência Brasil