Audiência discute reparação racial e cotas para alunos da UFRGS

A dez dias do Conselho Universitário da Ufrgs analisar as considerações da Comissão que discute políticas afirmativas para a redução da desigualdade e cotas raciais e sociais para alunos da instituição, o tema foi abordado, na manhã desta terça-feira (5), na audiência conjunta da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia e Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, por solicitação dos deputados Raul Pont (PT) e Marquinho Lang (DEM). No Brasil, cerca de dez universidades já adotaram cotas raciais, entre elas a UnB, em Brasília e a UERJ, no Rio de Janeiro.

Em nível nacional, o tema aflorou a partir da luta dos movimentos sociais e das políticas de promoção da igualdade racial do governo Lula. A presidente da Comissão de Educação, Marisa Formolo (PT), remeterá à Ufrgs uma moção de apoio à adoção de cotas raciais na universidade, aprovada na audiência desta manhã. A Comissão também vai incentivar a discussão do tema no estado.

O Encontro da Juventude Negra (Enjune), na reunião representado pelo estudante Márcio Duarte, defende 20% de cotas para negros, 20% para estudantes oriundos das escolas públicas e vagas extras para indígenas. “Só 2% dos alunos universitários são negros”, observou Duarte. Dados do Enjune apontam que de dois a três jovens negros são assassinados por dia nas capitais brasileiras.

A professora Céli Regina Pinto, presidente da Comissão da Ufrgs, integrada por professores, técnicos e alunos e responsável por analisar as políticas de ações afirmativas, adiantou que os trabalhos iniciados em outubro de 2006 estão em fase conclusiva. No próximo dia 15 de junho, a Comissão deverá apresentar suas conclusões ao Conselho Universitário. “Estamos convencidos da importância da política de cotas”, pontuou. Ela não revelou, porém, o percentual a ser proposto.

Raul Pont recordou que o Parlamento Estadual aprovou cotas destinadas a alunos de baixa renda e com dificuldades especiais para o ingresso na Uergs. Este fato mostra, no seu entendimento, como é possível estabelecer políticas de reparo e corrigir injustiças históricas. Já a deputada Stela Farias (PT) relacionou o debate sobre as cotas à precariedade das escolas da rede pública estadual. “Precisamos ver como as universidades públicas podem auxiliar as escolas públicas”. A deputada atribui a precariedade das escolas públicas ao corte de 30% no custeio da máquina pública, efetuado pelo governo estadual.

Também participaram da audiência a representante do Grupo de Trabalho de Ações Afirmativas, a estudante de Letras da Ufrgs, Luanda Sito, o professor Cláudio Scherer, da Associação dos Docentes da Ufrgs, além de integrantes do movimento negro. 

Fonte: Stella Máris Valenzuela/PT Sul.