Servidores, professores e estudantes gaúchos se mobilizam em defesa da educação

No estado as manifestações combateram os cortes na verba destinada a educação promovido pela governadora Yeda Crusius e reuniram mais de seis mil pessoas. A Assufrgs participou da Jornada como uma atividade de greve.

Por volta das 9h da manhã os estudantes se concentraram em frente ao Instituto de Educação Flores da Cunha (IE). A princípio, a escola, que fica ao lado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e próxima ao centro da cidade, não iria participar do ato. Uma comissão composta por professores de outras instituições da rede pública estadual e líderes do movimento estudantil conversou com a direção da escola e as turmas do ensino médio foram liberadas.

De lá, mais de mil jovens partiram em direção ao segundo ponto de encontro marcado pelo comando do ato, a Praça Argentina. No meio do trajeto os estudantes surpreenderam a todos e ocuparam a Universidade Federal onde estavam concentrados os servidores da UFRGS em greve. O campus central da UFRGS, ao lado do parque Farroupilha, foi tomado pelas entidades estudantis e do movimento social. As palavras de ordem ficaram em torno da ampliação de vagas noturnas e verba específica para assistência estudantil.

O trânsito ficou interrompido nas avenidas Salgado Filho e Borges de Medeiros. Por volta do meio dia o comando da Jornada de Lutas deu início a um ato para mais de 6 mil pessoas em frente ao Palácio Piratini, sede do governo do estado. No local, professores de diversos municípios, integrantes do Centro dos Professores do Estado do RS (CPERS Sindicato), esperavam a chegada dos estudantes.

O centro da Jornada no Rio Grande do Sul foi o descaso do governo estadual com a educação pública. Uma medida adotada pela secretaria de educação do Estado impôs que turmas de ensino médio e fundamental fossem aglutinadas. Além de colocar um grande número de alunos por sala de aula, a "enturmação" faz com que estudantes de série diferentes tenham aula por um mesmo professor.

Os manifestantes carregavam faixas e cartazes com os dizeres "Yeda, mãos de tesoura", uma referencia aos recentes cortes nas verbas para educação promovidos pela governadora do estado Yeda Crusius.

Outra medida que está mobilizando os estudantes na etapa gaúcha da jornada de lutas em defesa da educação é a "inturmação". Trata-se de uma proposta da governadora de unir duas a três turmas para resolver os problemas de falta de professores nas universidades públicas como explica Rafael Simões, diretor da UNE.

"Essa é mais uma tentativa de sucatear o ensino público. Queremos a contratação de mais professores, porque uma turma com oitenta, cem alunos é inviável. Para garantir que nosso estado tenha um desenvolvimento pleno é fundamental investir na educação", disse Rafael. "A passeata fortaleceu as bandeiras de 7% do PIB para a educação, do plano nacional de assistência estudantil, e pela aprovação do PL de mensalidades da UNE. Os gaúchos demonstraram grande unidade para barrar a proposta de enturmação que desqualifica o ensino e desvaloriza a educação pública no Estado", completou.

Para Jorge Afonso, estudante de direito, o sucesso do ato esteve na pluralidade de opiniões e forças que o compuseram: "Isso é muito bom para o movimento social, pena que a governadora é blindada pela imprensa gaucha", criticou.

Na porta do palácio os jovens deram as mãos e cantaram o hino do estado encerrando a passeata. Segundo Rafael o ato que representou a luta do povo gaúcho contra os ataques que a governadora vem promovendo a educação pública.

Colaborou: Natália Vitória, de Porto Alegre