Reitor da UnB pede afastamento temporário. Estudantes decidem sobre ocupação na segunda, dia 14

O reitor da Universidade de Brasília (UnB), Thimoty Mulholland, revelou ontem (10) que irá se afastar do cargo por 60 dias, após enfrentar quase uma semana de ocupação do prédio da Reitoria por acadêmicos que exigiam a sua renúncia. Thimoty é acusado pelo Ministério Público de improbidade administrativa. Assumirá em seu lugar, o vice-reitor Edgar Nobuo Mamiya. No comunicado, o reitor justificou que sua decisão foi tomada com o "objetivo de assegurar os princípios constitucionais de eficiência, publicidade, moralidade, impessoalidade, legalidade e transparência na apuração dos fatos".

Em assembléia na Associação dos Docentes (Adunb), os professores aprovaram o pedido de afastamento temporário do reitor, do vice e dos cinco decanos (pró-reitores). A decisão foi encaminhada ao Conselho Universitário (Consuni), órgão que reúne todos os setores da UnB, para deliberações. Também os servidores, em assembléia, aprovaram ontem o pedido de afastamento do reitor e decidiram religar a água do prédio, interrompida desde 7/4. O prédio, porém, continua sem luz. O pedido de afastamento do reitor foi comemorado pelos estudantes, que manterão a ocupação até decisão da assembléia, no dia 14/4. Eles não aceitam o vice-reitor no cargo, por entenderem que "todo decanato estaria comprometido com as denúncias".

Veja a Nota divulgada pelo Movimento de Ocupação

A Ocupação da reitoria da Universidade de Brasília comemorou nesta quinta-feira, 10 de abril, o afastamento do reitor Timothy Mulholland. Completada uma semana de ocupação, Timothy, após diversas declarações intransigentes, pautadas pela incapacidade de dialogar com os estudantes, enfim fez o que já deveria ter feito desde a primeira denúncia envolvendo seu nome, no início do ano. Consideramos o fato como uma vitória, mas uma vitória parcial com diversos poréns. Nenhuma das nossas 18 reivindicações, que consideramos básicas, foi contemplada até o momento. Não pedimos pelo afastamento, mas pela renúncia do reitor, bem como do vice-reitor Edgar Mamiya que assumirá provisoriamente o cargo, assim como de toda essa diretoria que compõe uma corja oligárquica antidemocrática que comanda os rumos da Unb há mais de 15 anos. Além disso, é importante ressaltar que Timothy afastou-se do cargo de reitor, mas continua como presidente do conselho da FUB – Fundação da Universidade de Brasília – que delibera os rumos, especialmente financeiros, da Unb.

Nossa luta não tem seu fim em uma figura central, no caso a do reitor, pois o movimento pensa a universidade a longo prazo. Queremos a convocação de um congresso estatuinte paritário, que garanta a democracia na universidade. Temos hoje, em todas as instâncias, votações desiguais repartidas numa relação de 70% para os docentes, 15% aos funcionários e 15% aos estudantes. Além disso, existe na Unb um conselho diretor, o próprio conselho da FUB, composto por seis membros que detêm um poder que, por exemplo, permitiu a aquisição da mobília do apartamento do reitor afastado Timothy. Existem membros que fazem parte deste que se tornou um verdadeiro "conselho de anciãos" (mas sem sabedoria) desde o início da década de 1990!

A Ocupação definirá seus rumos na próxima Assembléia Geral marcada para a próxima segunda-feira, dia 14/04, mas não temos a intenção de saír enquanto nossas reivindicações não forem atendidas!

Toda a comunidade está conosco nesta luta pela moralização da Universidade de Brasília e pelo fim da corrupção num espaço que deve se caracterizar pela formação de pessoas capazes de levar o Brasil para dias mais justos e igualitários.

Definida em Assembléia Geral, nesta sexta-feira, dia 11/04 a UnB irá parar pela luta do movimento de Ocupação, por uma universidade democrática. Será uma paralisação ativa, com atividades em todo o campus.