Comunidade lota debate no Campus Saúde na última sexta-feira (30)

Com o auditório do Hospital de Clínicas lotado ocorreu o segundo debate das chapas pretendentes à Reitoria da Ufrgs, na sexta-feira (30/5), das 9 horas ao meio-dia, mediado pelo presidente do Conselho Gestor da Unitv, jornalista Carlos Alberto Carvalho.

O debate iniciou com a apresentação dos quatro candidatos a Reitor e seus vices. Depois teve perguntas entres as chapas, das entidades, no caso o DCE, da platéia e por último os candidatos fizeram a manifestação final.

As quatro chapas apresentaram seus programas

O atual pró-reitor de Graduação, Carlos Alexandre Neto, candidato da “Chapa 2 – A universidade que queremos”, disse que a universidade pública tem o dever de expandir com qualidade em todas as propostas acadêmicas, criar novos cursos, ampliar vagas, bolsas acadêmicas e de iniciação científica. Ele também destacou que irá ampliar a assistência estudantil com novas casas de estudantes e restauração das atuais e pretende continuar captando recursos. “Sabemos como captar e vamos continuar fazendo”, afirmou. Sendo bastante aplaudido pela sua claque.

A vice-candidata, Maria Ceci Misoczky da “Chapa 3 – Por uma Universidade Pública e Democrática”, destacou que o projeto da sua chapa é de desenvolvimento autônomo e inclusivo, com o fortalecimento institucional da universidade pública, com interdisciplinaridade, biodiversidade, apoio a projetos de geração de renda, desenvolvimento de produtos, formação de pessoal e trabalhar com os setores produtivos da sociedade explorando a experiência da Ufrgs.

O candidato a reitor Carlos Schimidt (Chapa 3) falou das desigualdades sociais e que a universidade tem que pensar em soluções globais, numa expansão com qualidade, resolvendo problemas como os contratos precários dos servidores e professores. Ampliar a assistência estudantil, a extensão e as pesquisas, recuperar a infra-estrutura e realizar uma estatuinte para democratizar a universidade, implantando a paridade entre os três segmentos no Conselho Universitário (Consun). “Nosso apelo é para ter coragem e mudar a realidade da universidade pública, que seja um centro de qualidade socialmente referenciada”, concluiu Schimitão.

O candidato da “Chapa 4 – O futuro é agora!” Abílio Baeta Neves, criticou o retrocesso dos cursos técnicos através do programa Reuni, destacou que o compromisso da universidade deve ser com as demandas da sociedade, e deve-se apostar no potencial criativo nas atividades de pesquisa, incentivando programas para os recém-doutores e para o pós-doutorado e criando o “enxoval” para os professores que recém-ingressaram. Também propôs políticas de assistência estudantil e uma administração ousada e estratégica.

O vice da chapa 4, Diogo de Souza defendeu uma universidade pública de qualidade, com interação entre graduação, pesquisa, extensão e a pós-graduação, promovendo a cultura, a integração entre as universidades, os professores, os alunos e os servidores. “A universidade tem que ter a capacidade de qualificar a sociedade”, afirmou.

A ex-reitora, Wrana Panizzi, candidata pela “Chapa 1 – Ufrgs Urgente” explanou sobre os seis eixos que pretende desenvolver: 1) o plano de desenvolvimento institucional com a participação de todos os segmentos, com metas e programações; 2) as propostas pedagógicas e acadêmicas; 3) a valorização dos servidores com o aperfeiçoamento da capacitação; 4) o planejamento e a infra-estrutura, com a continuidade do projeto de revitalização do patrimônio histórico e o plano de ocupação e segurança patrimonial; 5) o diálogo com a sociedade organizada; 6) e a construção do parque tecnológico para atender as grandes necessidade sociais. O vice candidato, Dimitrios Samius, disse que a chapa 1 tem propostas concretas para todas as áreas da universidade no plano institucional, com a valorização dos profissionais, esquecidos pela atual administração.

Programa Reuni sofre críticas

No debate entre as chapas não teve muitas polêmicas com exceção do projeto Reuni, cujo o candidato da Chapa 2, é o responsável por sua implantação na universidade e perpassou todos os blocos do debate. Os candidatos da chapa 1, 3 e 4 criticaram a forma como foi implantado. Abílio Baeta esclareceu que não é contra os cursos técnicos, mas rediscutirá o projeto. Para Carlos Schimidt, o Reuni exclui grande parte da universidade que não tem pós-graduação e disse que se deve lutar para que a Ufrgs não se transforme num escolão de terceiro grau. A crítica de Abílio é sobre a pressa da universidade em responder para o Governo Federal e se valer da nomenclatura de cursos de instituições privadas que estão à caça de alunos. Wrana Panizzi questionou a falta de transparência do projeto, que segundo ela o edital não consta nem na página da universidade. Para o candidato Alexandre Neto quem é contra o Reuni é contra a democracia dos cursos superiores noturno. “Para colocar um curso de odonto de noite é preciso coragem”, rebateu.

Grande número de evasão acadêmica foi questionada

O Candidato da chapa 2 também foi cobrado sobre o grande número de evasão que ultrapassa mais de 50% em alguns cursos, como a engenharia. Wrana indagou sobre o que o atual pró-reitor de Graduação tem feito para reduzi-la. Alexandre na réplica respondeu que em alguns cursos esta evasão chega quase a zero, como é o caso da medicina, mas ressaltou que o problema é complexo e que irá aumentar as medidas para garantir o aluno na universidade, como revisão da grade curricular, a assistência estudantil, oferecimento de mais bolsas e a inauguração de mais 12 cursos noturnos.

Wrana Panizzi teve que responder sobre sua proposta de construção coletiva e porque na sua gestão tinha rompido com o Sebrae e com o governo Federal. A ex-reitora disse que não rompeu com o governo Federal e o Sebrae, mas defendeu a autonomia universitária. “Divergir não significa romper, mas garantir autonomia e respeito”, esclareceu.

Carlos Schimidt e Maria Ceci também foram questionados pela platéia sobre a sua relação com a Faurgs. Na resposta, defenderam que a Fundação é um mal necessário, enquanto a universidade não tiver autonomia e foram contra alguns convênios em que a Fundação precariza o trabalho, como no caso da relação com a Prefeitura, onde a Fundação agia como uma terceirizada.
O candidato da chapa 4, Abílio Baeta Neves foi perguntado sobre a sua postura frente ao programa de cotas para a universidade e disse que as ações afirmativas são uma realidade e uma grande oportunidade para mexer com a escala de valor da universidade, contribuindo para a integração social.

DCE cobrou mais pesquisa e extensão na área da saúde

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) perguntou qual a concepção dos candidatos sobre a pesquisa e extensão na área da saúde.

O vice da chapa 4, Diogo Onofre de Souza, disse que a graduação, a extensão e a pós-graduação tem que ser levada em conjunto, sem dissociá-las, para que contribuam com a solução dos problemas regionais e nacionais.

Para o vice da Chapa 1, Dimitrios Samius, os cursos como Medicina e Odonto sempre apresentaram estudos que contribuam com a sociedade, como é o caso das pesquisas com células troncos. “O que a universidade traz é o princípio da esperança por isto acreditamos no que estamos produzindo, que são os profissionais”, destacou Dimitrios.

O vice candidato da Chapa 2, Rui Opermann, disse que a pesquisa na área da saúde está vinculada a pós-graduação e que todas as unidades têm realizado trabalhos com projeção nacional e internacional e citou alguns exemplos que estão ocorrendo na vila Cruzeiro e na unidade básica do Hospital de Clínicas. Para Abílio mesmo assim a resposta ainda é inadequada e pretende expandir e rediscutir a parcialidade dos projetos encaminhados pelo Reuni.

A candidata a vice da Chapa 3, Maria Ceci, disse que a a extensão é o espaço privilegiado para busca coletiva de soluções de problemas. Que implica em metodologias que respeitam a cultura do outro, quando se pensa as necessidades da comunidade com a qual a universidade está atuando, de forma interdisciplinar, compartilhando saberes e trabalhando na defesa da vida.

Opiniões dos participantes divergem quanto aos candidatos

Os participantes avaliaram como positivo o debate. A técnica-administrativa de nível superior Eliane Sanguiné gostou embora avaliasse que os candidatos da chapa 3 e 4 fugiram do debate. Luis Gustavo Marques funcionário da Faced achou bem democrática as propostas colocadas e sustentadas por todas as chapas. “Primeiro eu vi e ouvi e depois me decidi”.

Para a aluna Alexandra Nogueira, da enfermagem, valeu muito a pena. “Agora eu tenho uma decisão antes eu tinha só as propostas. Agora até discordei, achei três candidatos bons e não quero que o candidato da chapa 2 ganhe. Para Eduardo Ruppenthal, estudante de Biologia, o debate foi bom e deu para diferenciar todas as chapas, mostrando cada vez mais que existem propostas de continuidade e simples gestão e outras que realmente propõe um projeto de universidade como é o caso da chapa 3 que está se diferenciando.

O professor de Bioquímica, Luis Portela, que já foi funcionário da Ufrgs, achou o debate excelente e de bom nível em qualidade de idéias e propostas. Para ele o candidato Abílio teve um desempenho melhor no debate. Em termos de propostas diferentes a chapa do Abílio e do Schimitão são as únicas. “A Wrana e o Alex defendem um modelo de universidade que já se conhece”, concluiu.

Fonte: Luis Henrique Silveira/Engenho Comunicação e Arte