Maior participação de Estado na economia é consenso entre especialistas

Nos dois primeiros dias de debates do Programa Avançado Latino-Americano para o Repensamento do Macro-desenvolvimento Econômico (Laporde, na sigla em inglês), pelos menos uma opinião é geral. Todos os professores, economistas e representantes de órgão internacionais que já expuseram suas idéias no evento têm um pensamento em comum: o Estado tem papel fundamental para o bom funcionamento da economia.

O economista sul-coreano Ha-Joon Chang, da Universidade de Cambridge; o secretário-assistente da Organização das Nações Unidas (ONU), Jomo Kwame Sundaram; e o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Paulo Gala são alguns exemplos de especialistas que deixaram claro que os modelos econômicos neoliberais estão ultrapassados. Para eles, só a participação forte dos governos na economia pode garantir a sustentabilidade do mercado e os avanços sociais das nações.

“As reformas neoliberais promovidas na América Latina e África nos anos 90 não acarretaram em crescimento econômico”, disse Paulo Gala, ressaltando a ineficácia do neoliberalismo nos países emergentes. “Até nos Estados Unidos e na União Européia, o excesso de liberdade acabou sendo danoso à economia. Veja só a crise”, afirmou.

De acordo com o professor da FGV, o próprio Estados Unidos, berço do modelo, já deram sinais de rendição. Os anúncios de pacotes bilionários de ajuda a bancos e empresas pelo governo norte-americano são prova disso.

Para o economista sul-coreano Ha-Joon Chang, o Estado é necessário até na economia mais liberal e desenvolvida do mundo, pois é ele quem vai garantir o cumprimento de contratos e regular o mercado. Em economias emergentes então, ele é essencial. É ele quem assegura o crescimento. “O Estado vem antes de tudo. Vem antes da economia”, disse.

De acordo com Ha-Joon Chang, os “países ricos pregam a independência do mercado, do Banco Central, etc. Mas nenhum tinha mercado e banco central independentes quando alcançou a hegemonia”, afirmou. Na opinião de Chang, “ter um banco central independente é ter um político independente do cidadão.” 

Fonte: Agência Brasil