RS realiza a sua 1ª Conferência Estadual de Comunicação

Aconteceu de 17 a 19 de novembro a 1ª Conferência Estadual de Comunicação, sob o tema Meios para a Construção de Direitos e Cidadania na Era Digital, na Assembleia Legislativa (Teatro Dante Barone), em Porto Alegre,


Cerimônia de abertura da Confecom-etapa RS

No primeiro dia, a mesa de abertura da Conferência foi composta por Ottoni Fernandes Jr., da secretaria de Comunicação da Presidência da República; deputado Ivar Pavan, presidente da Assembleia Legislativa do RS; os deputados estaduais Adão Villaverde, Miki Breier e Raul Carrion; Celso Schröder, presidente da Comissão Organizadora Estadual da Confecom; Clementino Lopes, coordenador regional da Abraço/RS; Cristina Lemos, diretora do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do RS, Renato Martins, diretor regional sul Grupo Bandeirantes.

Ottoni Fernandes Jr., da secretaria de Comunicação da Presidência da República, destacou a importância da participação do Rio Grande do Sul nesta etapa, principalmente por toda a sua história política e democrática. Ele abordou a questão da urgência em discutir um novo modelo de comunicação para o Brasil e falou sobre a necessidade de um marco regulatório mais abrangente e amarrado.

A comunicação em debate

No segundo dia da Conferência foram realizados três painéis, os grupos de trabalho e a eleição dos delegados, além da leitura e a aprovação do Regimento Interno.

 

Leitura do Regimento Interno

O primeiro painel tratou do eixo temático Produção de Conteúdo e teve como painelistas o professor da UFRGS, Pedrinho Guareschi; a jornalista e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Unisinos, Christa Berger e o advogado Eduardo Krause. O assessor da Presidência do parlamento gaúcho, Ricardo Haesbert foi o mediador.

Guareschi iniciou citando quatro pontos que ele considera fundamental quando se fala em comunicação: a comunicação é central na construção da democracia, a mídia constrói uma realidade que não é a real; a grande força dos meios de comunicação de massa está aonde ele silencia e que os meios de comunicação mudaram o sentido de “público” e “privado”.

“A tarefa da mídia é estabelecer debates. Por que a Confecom não está inserida nas pautas dos grandes veículos e nos debates da sociedade?”, questionou Guareschi. Para ele, a realização da conferência é um grande passo na democracia brasileira. “Estamos de parabéns, pois estamos discutindo a comunicação que temos e a comunicação que queremos”, encerrou.


Pedrinho Guareschi participou do painel sobre Produção de Conteúdo

A história e o papel dos órgãos reguladores da imprensa no Brasil foram abordados pelo advogado Krause. Ele explicou que as agências reguladoras “são autarquias com competência revestida de maior relevância no que diz respeito à autonomia”.

Já Christa Berger falou sobre a importância de valorizar o debate sobre a comunicação e a longa luta que proporcionou a realização da Conferência. “Outro acerto desse evento são os eixos temáticos”, acredita Christa. Segunda ela, o maior poder do jornalismo é escolher o que mostrar: “deixando de fora o que não interessa a grande mídia. O que está acontecendo na comunicação brasileira, com todo o processo da Confecom, não é mostrado”, afirmou.

Após, foi realizado o painel sobre os Meios de Produção, que contou com o jornalista e diretor da Fenaj, José Carlos Torves; o jornalista, presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Piratini e professor da Unisinos, Pedro Osório e o advogado da RBS, Marco Antonio Campos. Mediando o debate estava o superintendente geral da Assembleia Legislativa, será João Motta.

Para Torves é fundamental uma reestruturação nos meios de comunicação de massa no Brasil. “Precisamos de um marco regulatório atualizado. De uma rede pública para dar voz a todos os segmentos da sociedade”, defendeu. Para o jornalista, ao democratizar a comunicação também irá se democratizar a cultura. No final de sua fala, Torves lembrou o jornalista Daniel Herz, que lutou durante anos para a democratização da comunicação.

A influência da mídia na vida do indivíduo e da sociedade foi lembrada pelo Pedro Osório. Para ele é necessário pensar a comunicação como algo estruturante na sociedade e enxergar os meios de distribuição como bens públicos. “Durante 10 anos nenhum veículo de Porto Alegre falou sobre o Orçamento Participativo, enquanto vinham para cá, dezenas de jornalistas e pesquisadores do Brasil e do Exterior. E o OP reunia milhares de pessoas que decidiam ações importantes para a sociedade, tudo isso sem a cobertura da mídia”, lembra.

Por fim, o advogado da RBS, Marco Antonio falou sobre a legislação que rege os meios de comunicação no país. “Essa legislação é atrasada e precisa ser revista. A sociedade precisa ter controle sobre a rede pública”, declarou.

Cidadania: direitos e deveres foi o tópico do terceiro painel da Conferência, apresentado durante a tarde do dia 18. O debate, mediado pelo deputado Miki Breier (PSB), estabeleceu-se a partir da exposição da representante do Conselho Federal de Psicologia e integrante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, a psicóloga Roseli Goffmann; do advogado Ricardo Giuliani Neto; e do superintendente de Comunicação Social da AL/RS, Celso Schröder.

A psicóloga defendeu teses como o fim da publicidade de bebidas alcoólicas e das propagandas que induzem a um padrão de consumo que não dialoga com as necessidades reais da sociedade. O advogado Ricardo Giuliani abordou questões sobre liberdade de expressão, liberdade de imprensa e soberania.

Após o debate conjunto, os participantes reuniram-se em três grupos, conforme os eixos temáticos do evento: produção de conteúdo; meios de difusão; e cidadania: direitos e deveres. As equipes irão produzir propostas que devem ser levadas pelos delegados regionais à Conferência Nacional de Comunicação. O evento será em Brasília, de 14 a 17 de dezembro. Os 86 delegados que representarão o Rio Grande do Sul foram eleitos em plenária conjunta no Teatro Dante Barone.

A 1ª Conferência Estadual de Comunicação – a Confecom – Etapa RS ocorreu simultaneamente nos estados do Amapá, Amazonas, Maranhão e Rio Grande do Norte entre os dias 17 e 18.

Por: CUT-RS