Assufrgs lota auditório da Faced para discutir os ataques aos servidores públicos das três esferas

O dia de luta em defesa dos serviços públicos foi de grande adesão neste 14 de setembro na UFRGS, UFCSPA e IFRS. Técnico-administrativos paralisaram as suas atividades em protesto aos ataques do Governo Temer e em apoio às lutas dos colegas do município e estado.

 

O dia de lutas inicou com uma uma aula pública organizada pelos alunos da UFRGS em frente à Faced que discutiu a precarização da universidade e apoio à greve dos professores do estado.

 

 

Após, a Assufrgs realizou um salchipão em frente à Faced no valor símbólico de R$1,75 em alusão ao antigo valor do Restaurante Universitário, que de forma arbitrária teve seu valor aumentado pela reitoria da Universidade a todos os trabalhadores da comunidade universitária, incluindo técnicos, terceirizados e docentes.

 

Por uma luta unitária contra os ataques aos serviços públicos

 

A tarde foi marcada por uma atividade chamada pela Assufrgs para discutir “Os Serviços Públicos e a Crise”. O auditório da Faced ficou pequeno para a quantidade de público que lotou o local. Na plateia uma bela unidade da comunidade universitária e do IFRS com a presença de professores, técnicos e estudantes. A mesa mediada pela coordenadora da Assufrgs, Márcia Tavares, contou com a presença dos servidores municipais, estaduais e federais, além de estudantes: Neiva Lazzarotto representando os professores estaduais, do comando de greve do Cpers Sindicato, Jonas Reis, pelos servidores municipais via Simpa, Mário San Segundo, docente do IFRS, representando o Andes; Loiva Chansis, coordenadora geral da Assufsm; Bernadete Menezes, coordenadora geral da Assufrgs Sindicato e Alice Gayer do DCE da UFRGS; Na plateia estavam presentes também a APG – Associação dos Pós Graduandos, além dos diretores da Faced, Cesar Valmor Machado Lopes e Magali Mendes de Menezes; o ex-pró reitor de ensino do IFRS, Hamilton de Moura Figueiredo, Fábio Marçal, diretor do IFRS Alvorada e membros do Consup.

 

 

As falas da atividade foram centradas sobre a importância da unidade de todas as categorias do serviço público nas três esferas, já que os trabalhadores vem enfrentando forte repressão dos governos Temer, Sartori e Marchezan. Loiva Chansis, técnica da UFSM, que veio com delegação à Porto Alegre para participar do dia de luta, iniciou o debate ressaltando que as lutas são semelhantes.

 

– Apesar das especificidades de cada uma das esferas, temos um plano de governo que visa prejudicar o serviço público como um todo. A pergunta que temos que responder é: de que forma vamos nos organizar para lutar contra esses ataques? A única forma de resistência é a unidade dos movimentos, incluindo os trabalhadores da iniciativa privada. Perdemos algumas batalhas, infelizmente a Reforma trabalhista e o processo de terceirização já estão consolidados. O foco agora é barrar a reforma da previdência e a consolidação desse projeto de governo contrário à classe trabalhadora.

 

Em sua fala, Neiva Lazarotto informou os motivos da greve do Cpers Sindicato que já completa duas semanas.

 

– Estamos em greve por três motivos. Primeiro, estamos com salários atrasados, que eles chamam de “parcelados”, há 21 meses. Segundo, 75% da categoria do magistério recebe salário de até R$ 2mil, estamos hoje como o pior salário entre os estados brasileiros e o orçamento do próximo ano prevê salários congelados, assim como os últimos dois anos. Outro agravante é que o acordo que Sartori quer fechar com o Temer para salvar o estado em crise fiscal é congelar os salários por mais três anos. Ninguém pode viver com seis anos de salário congelado. O terceiro motivo é seríssimo: queremos que o Governo nos devolva os juros que o Banrisul estão nos cobrando devido ao atraso dos salários. A parcela pequena entra no banco e não conseguimos sacar, pois fica só para o pagamento dos juros. – destacou.

 

 

 

Jonas Reis, diretor do Simpa, chamou a atenção para o processo ideológico do Governo de Marchezan na “eliminação das minorias”.

 

– A gente sabe que a vitória de Marchezan faz parte de um projeto do MBL, do PSDB, é um projeto neoliberal e protofacista. É uma forma diferente de governar que nós estamos tendo em Porto Alegre. É interessante observar isso. Não é só uma lógica empresarial. É muito mais que um modelo conservador, é uma ideologia de eliminação das minorias. Tanto é, que na área de assistência social, ele (Marchezan) quebrou todos os contratos que existiam com o setor terceirizado , pois não tem interesse em investir nessa área. Por isso nossa cidade vê aumentar o número de moradores de rua. Teve também corte de investimento em aluguel social. As escolas municipais tiveram o corte do encontro pedagógico nas quintas-feiras para discussão do currículo. A rede municipal é responsável por 50% das matriculas de educação para alunos especiais no município de Porto Alegre. Prejudicar essa rede é prejudicar esses alunos com necessidades especiais de aprendizagem. Somado a isso ele está querendo acabar com o estatuto dos municipários, que é basicamente nossa carreira.

 

Jonas ainda ressaltou sobre a importância de fazer política no dia-a-dia para reverter essa situação:

 

– Tudo o que está acontecendo de reformas também é responsabilidade nossa. Muitos de nós deixamos de fazer política. É o momento de dizer quem são os deputados, vereadores e lideranças que estão aí eleitos, conversando com os colegas, familiares e população. Não basta a luta corporativa. Esse momento exige que a classe trabalhadora possa trazer mais gente para o debate. Nós devemos nos filiar a partidos políticos de esquerda, discutir com militantes, tomar bandeiras. É o momento de irmos para as ruas pela luta organizada de trabalhadores em torno de partidos reais que defendam nosso interesses. Para poder derrubar Temer, Sartori e Marchezan. Sozinhos, nós servidores, não conseguiremos avançar além da resistência. Precisamos ser protagonistas do projeto de mudança dessa sociedade. Não podemos terceirizar a luta politica. Somos nós que construímos esse país! Não é essa elite apodrecida de tanto juntar dinheiro que comanda o país com suas negociatas do congresso nacional, respingando no poder político que se instala nos estados e municípios.

 

Mário San Segundo,falou sobre a importância do serviço público para a população mais carente, destacando a história dos Institutos Federais, que estão localizados em áreas descentralizadas do estado e que proporcionam educação pública de extrema qualidade:

 

– Existimos enquanto Instituto desde 2008. Já temos 650 campi por todos os estados do pais, atendendo quase um bilhão de estudantes. Aqui no RS estamos em bairros com os mais baixos índices de desenvolvimento humano. O Campus de Alvorada, da Restinga, Viamão… com educação desde o ensino básico até o mestrado e doutorado. Os números dos IFs no PISA e na UCDE, instrumentos de avaliação internacional, são melhores que os números da educação da Coreia do Sul, referência global em educação de qualidade. Com isso estou querendo dizer que nós servidores públicos temos condições de fornecer serviço de excelentíssima qualidade para a população. O que a mídia fala que o estado brasileiro não dá conta de atender as demandas, para justificar a privatização e desmonte, é mentira. No mínimo 50% dos estudantes que atendemos são cotistas, por estarem nas periferias, atendemos filhos das classes trabalhadoras. Então serviço público pode dar certo sim! É só ter investimento do estado. Infelizmente o que estamos recebendo de retorno do atual governo é um corte brutal de verbas e uma raiva institucional tremenda.

 

Alice Geyer, do DCE da UFRGS informou sobre nos ataques à assistência aos estudantes:

 

– Além de a gente ter a existência e permanecia na universidade ameaçadas, temos também o sucateamento da estrutura da universidade com o corte de verbas além do corte nas bolsas aos estudantes. Estamos portanto muito inseguros sobre a qualidade de ensino que temos agora e também sobre o futuro. Que postos de trabalhos vamos encontrar no futuro desse país? Por exemplo, eu sou estudante de licenciatura em química e eu não sei que escolas vão ter ainda a disciplina de química para que eu possa lecionar. – desabafou.

 

Bernadete Menezes, coordenadora da Assufrgs fechou a mesa chamando novamente a unidade das categorias contra o avanço dos ataques ao patrimônio do governo brasilerio, que é de todos os cidadãos:

 

– Eu acabei de voltar de Brasilia, e lá criamos uma comissão contra as privatizações. Pois o Governo afirma que privatizar Eletrobras, Petrobras é a única solução para tirar o Brasil da crise. Isso é uma mentira. Só a reserva do Brasil vale mais de R$1 trilhão e está aplicada nos Estados Unidos, mesmo o juros lá sendo quase zero, enquanto aqui no país os juros são um dos maiores do mundo. É um escândalo! A desculpa da aplicação do dinheiro lá é para manter a confiança do mercado. Mas que confiança? O mundo inteiro sabe que o Brasil é comandado por uma quadrilha e o chefe da quadrilha é o Presidente da República!

 

Caminhada no centro de Porto Alegre

 

Após o debate na Faced os trabalhadores da UFRGS, UFCSPA e IFRS, junto com o movimento estudantil, seguiram em marcha para o ato unitário na esquina democrática. No caminho os colegas aproveitaram para dialogar com a população sobre os ataques ao serviço público e como eles prejudicarão o acesso das pessoas aos seus diretos como educação e saúde.

 

 

A chuva forte que caiu no fim da tarde desta quinta-feira (14), em Porto Alegre, não esmoreceu o protesto de servidores que marcaram a data como Dia Nacional de Luta em Defesa dos Serviços Públicos em todo o país. Na capital gaúcha, o ato na Esquina Democrática reuniu centenas de pessoas, debaixo de guarda-chuvas e capas de plástico, para debater as políticas que vêm sendo conduzidas pelos governos municipal, estadual e federal, que afetam a classe.

O ato do fim da tarde foi o que uniu todas as categorias de servidores. Em cima do caminhão de som, entidades como Cpers, Assufrgs e Sintrajufe, se revezaram em falas pontuando a necessidade de ir às ruas.

Na Esquina Democrática, os professores decidiram em votação, mesmo com a chuva forte, seguir em caminhada pela Avenida Borges de Medeiros até o Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), sede da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

A partir das 18h, o comando de greve do Cpers se sentou na mesa de negociação com o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, o secretário de educação, Ronald Krummenauer, e o chefe da Casa Civil, Fábio Branco, para negociar o fim da greve.