Quilombolas se unem para gerar renda e preservar cultura na Zona Sul do estado

Comunidades quilombolas da cidade de São Lourenço do Sul (RS), na região Sul, encontraram no trabalho coletivo a forma de gerar renda e preservar a cultura negra. O grupo Consciência Negra Kizumbi é um dos coletivos que atuam no município. Criado em 1983 a partir das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), da Igreja Católica, o grupo promove oficinas e atividades de geração de renda, como costura e artesanato, e ações de educação popular. Aliados ao grupo, jovens negros formaram coletivos de dança, entre eles o hip hop e a capoeira, com o objetivo de fortalecer a cultura na região.

A educadora popular e integrante do grupo Consciência Negra Kizumbi, Vera Lucia Macedo, salienta a importância de resgatar e valorizar a "negritude". Vera, que tem 52 anos e é descendente de quilombolas, ajudou na formação do grupo, onde trabalha até hoje.

"Quando se fala na questão da negritude, as pessoas logo pensam que a gente quer separar os brancos dos negros. E não é. A gente quer ter os mesmos direitos de emprego, de ter casa, moradia", afirma.

Somente em São Lourenço do Sul existem sete comunidades remanescentes de quilombos. Uma delas, a Comunidade do Torrão, está em processo de reconhecimento pelo governo federal via a Fundação Cultural Palmares. Para Vera, a principal dificuldade enfrentada hoje é fazer que a sociedade reconheça a contribuição dos negros na formação tanto do Rio Grande do Sul quanto do país. Outro problema grave é o preconceito racial.

"O preconceito e a discriminação a gente vê nas lojas, se tu vai a algum banco o negro não está, na faculdade também não. Falta de reconhecimento. O negro trabalhou nas construções, no canavial, no cafezal, aqui nas charqueadas do RS", diz.

As comunidades quilombolas na região Sul foram criadas por negros que trabalhavam como escravos nas charqueadas e estâncias.

Fonte: Raquel Casiraghi/Agência Chasque