Carta dos estudantes indígenas à Reitoria
Ao Sr.Reitor Carlos Alexandre Netto e Sr.Vice-Reitor Rui Vicente Opperamnn
Porto Alegre, 14 de agosto de 2015.
O Coletivo de estudantes indígenas da Universidade Federal do rio Grande do Sul vem, por meio deste documento, visibilizar as demandas, reivindicações e exigir providências. Com a fundamental conquista de acesso ao ensino superior por meio da política de cotas, lutamos para permanecer na universidade, tento o apoio da UFRGS na disposição de seus benefícios que oferece para os alunos moradores da casa do estudante (CEU), auxílio-alimentação , auxílio-transporte, auxílio-material didático, auxílio-saúde, restaurante universitário, auxílio-creche e, como também, o Ministério da Educação (MEC), disponibiliza bolsa permanência para os indígenas.
Apesar de reconhecermos a importância do aporte financeiro com a finalidade de manter os alunos na universidade, esses benefícios não se mostram concretamente suficientes, havendo dificuldades, por exemplo, o auxílio-creche que não dá a cobertura do valor integral de uma creche, além de não haver apoio para os pais e mães estudantes dos cursos noturnos, que não têm onde deixar seus filhos. No tocante ao auxílio-saúde, temos acesso a dentista e clínico-geral, contudo, quando buscamos outras especialidades, somos encaminhados a unidades básicas de saúde que não nos atendem pelo fato de sermos indígenas e estarmos fora das áreas de atuação .
Atualmente, o nosso maior enfrentamento enquanto alunos indígenas e fora de nossas comunidades, são os constantes atrasos das bolsas permanência, chegando há 2 meses de atraso atualmente e, ao entrarmos em contato com o MEC, ao verificarmos o não recebimento do valor, informavam que estava depositado nas contas bancárias , entretanto, não era essa a realidade. Em decorrência dos atrasos, vários estudantes não retornaram das comunidades onde vivem para recomeçarem as aulas do segundo semestre. Singularmente, há o caso de uma estudante que está há 3 meses sem receber o valor relativo a bolsa permanência, havendo cada vez mais dificuldades em dar continuidade em seu curso na universidade, havendo impedimentos de como manter seus estudos. Ao procurarmos a PRAE , como também o MEC, não obtivemos nenhuma solução concreta.
Há outras demandas que vão para além das necessidades materiais para que os alunos indígenas venham manter-se na universidade, que são as questões da melhora das monitoras, com acompanhamento mais próximo de algum colega do curso e, em muitos casos isso não é efetivo, há falta de identificação entre estudantes indígenas e monitores. Precisamos de comprometimento por parte das comissões dos cursos e professores, a fim de que o processo de aprendizagem dos estudantes seja efetiva.
Estamos lutando pelos nossos direito de estudar, sendo assim, exigimos que os servidores de algumas COMGRADs tenham mais respeito e consideração com nossas demandas e sejam menos burocratizados. O compromisso com a conclusão da graduação dos estudantes indígenas é de toda a comunidade acadêmica, professores, técnicos e alunos e não apenas de alguns comprometidos com a nossa luta. Também somos parte da comunidade acadêmica.
Solicitamos com urgência uma reunião com o Sr.Reitor e Vice-Reitor, afim de tratarmos das questões aqui expostas.
Atenciosamente,
Coletivo de Estudantes Indígenas da UFRGS.