Secretária Mariza abandona audiência e deputados criticam arrogância do governo Yeda

A secretária estadual de Educação, Mariza Abreu, abandonou, nesta terça-feira (25),a audiência da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, da Assembléia Legislativa, alegando “falta de segurança”.

A secretária estadual da Educação, Mariza Abreu, abandonou a audiência pública quando a reunião foi transferida pela presidenta do órgão técnico, deputada Marisa Formolo (PT), do Plenarinho para o auditório Dante Barone. A mudança de local aconteceu para garantir a segurança das pessoas que lotaram o Plenarinho, os corredores da Assembléia, a sala da Comissão de Educação e parte do auditório Dante Barone. O início da audiência, na manhã desta terça-feira (25), foi tumultuado. A deputada Marisa teve de suspender a reunião por alguns momentos a fim de negociar com a secretária.

Deputados, secretária, Conselho Estadual de Educação e Ministério Público reuniram-se, reservadamente, na sala contígua ao Plenarinho, mas não houve acordo, apesar dos argumentos da presidenta da Comissão. “Cada um assume a sua responsabilidade”, disse a deputada Marisa. “Como presidenta, suspendi a audiência no Plenarinho e transferi para o Dante Barone para preservar a integridade física dos presentes”, ponderou. “Gostaria que a secretária tivesse a mesma capacidade que esta Casa tem de dialogar. Uma audiência pública é para ouvir a população. A secretária se negou ao debate”, lamentou Marisa Formolo.

Desmonte

Professores, pais e alunos criticam o desmonte das escolas públicas do Rio Grande do Sul e queriam discutir o problema com a secretária. No início deste ano letivo, o governo do estado promoveu a chamada enturmação, ou junção de turmas, ultrapassando o número máximo de alunos recomendado pelo Conselho Estadual de Educação (CEE). Houve o remanejo de alunos em cerca de 7.500 turmas, o fechamento de 105 escolas estaduais e a multisseriação em séries não permitidas pelo CEE. Além disso, foi encerrada a oferta da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estimulada a municipalização da educação infantil.

Entre os inúmeros relatos e denúncias sobre a precariedade na educação pública gaúcha, a professora Líbia Aquino, da Escola Estadual Augusto Meyer, de Guaíba, fez um desabafo. “não temos suporte pedagógico. Temos apenas 38 professores para atender 1.200 alunos. A biblioteca foi fechada, a psicopedagoga foi retirada prejudicando os 45 alunos que necessitam de atendimento especial e os cegos estão sem atenção”, registrou a educadora.

Falta de educação

Indignado com a postura da secretária e com o desmonte das escolas públicas, o deputado Elvino Bohn Gass (PT) enfatizou que o Rio Grande do Sul está na contramão da história. “Esta Casa não pode se furtar ao debate. Fugir do diálogo é falta de educação”, frisou. Já o deputado Dionilso Marcon (PT) acrescentou que, tanto a governadora Yeda Crusius quanto a secretária Mariza Abreu, têm medo do povo, por isso se negam a dialogar.

O deputado Ivar Pavan (PT) se disse esperançoso pelo fato de a comunidade escolar lotar o auditório para discutir os problemas por que passa a educação. “Não vi nada mudar sem a indignação das pessoas. Se o governo Yeda tivesse argumentos para defender sua tese, estaria aqui. Proteger-se em cima da justificativa de que esta audiência é uma bagunça e um circo é ter uma visão autoritária e pouco educativa”, pontuou. Para ele, o desmonte da Universidade Pública Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) simboliza o total descaso da administração tucana com a educação pública. “Por um lado, o governo asfixia a universidade. Por outro, renuncia a dinheiro dos impostos em favor dos grandes empreendimentos. O governo tem recursos para subsidiar cigarros e bebidas, mas não tem para investir em educação pública”, criticou.

Arrogância

Na mesma linha de raciocínio, o vereador Marcos Daneluz (PT), de Caxias do Sul, condenou a arrogância da secretária e disse que na sua cidade a Uergs está definhando. Além disso, há problemas no Ensino de Jovens Adultos (EJA), carência de professores, aulas superlotadas e obras paralisadas nas Escolas da Fazenda Souza e da Santa Fé. A audiência encerrou às 12h30 e foi marcada por críticas ao comportamento da secretária e ao desmonte na rede pública estadual.

Por Stella Máris Valenzuela