STF decide se valida cotas, sistema que mantém 18,1 mil alunos na Ufba e Uneb

Cleidiana Ramos | A TARDE

O pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade das cotas para grupos étnicos nas universidades brasileiras, que está na pauta da Corte para apreciação imediata, pode abrir brechas para a contestação do sistema, como também para validá-lo de vez. Pelo menos nas duas mais tradicionais universidades baianas – Federal da Bahia (Ufba) e do Estado da Bahia (Uneb) – a resposta do STF envolve diretamente 18,1 mil estudantes.

A decisão do Tribunal vai responder a uma ação movida pelo partido Democratas (DEM), que questiona o sistema da Universidade de Brasília (UnB). Como o STF é o Tribunal constitucional, a decisão servirá de parâmetro para contestações em outras universidades – qualquer estudante que se considere prejudicado poderá recorrer ao STF para conseguir a sua vaga.

Enquanto a decisão não sai, a rotina das universidades que adotaram o sistema de cotas tem sido o de realizar estudos para provar que o sistema tem bons resultados. É o caso de uma pesquisa desenvolvida pela Uneb com recém-formados e concluintes dos seus cursos. O estudo está sendo realizado em Salvador (cursos de pedagogia e análise de sistemas), Santo Antônio de Jesus (história e administração) e em Juazeiro (direito e pedagogia).

A pesquisa, coordenada pelo pró-reitor de pós-graduação, Wilson Mattos, começou em abril deste ano. Os dados ainda não estão totalizados, mas já apontam indicadores do perfil dos cotistas concluintes ou recém-formados: são, geralmente, os primeiros universitários das famílias, estão envolvidos com projetos sociais nas comunidades de origem e desenvolveram estudos com recorte racial.

“Os dados demonstram que houve uma mudança também cultural na universidade em relação à convivência. Não houve aumento de ódio racial como apontam alguns dos opositores das cotas, mas, pelo contrário, uma melhor convivência com a diversidade”, avalia Mattos.

Coordenadora da pesquisa de área, Ivy Mattos, que é egressa do sistema de cotas na pós-graduação da Uneb, afirma que os dados preliminares revelam um impacto social positivo das cotas. “Tem alunos de áreas rurais que sequer sonhavam em chegar à universidade e se tornaram referência para as famílias”.

A Uneb, que tem campi em 23 cidades baianas, implantou o sistema de cotas em 2003. Já a Ufba, adotou a política em 2005. “Os cotistas têm tido desempenho equivalente aos dos não-cotistas nos nossos diversos cursos. Isso ocorre mesmo nos cursos de alta concorrência”, destaca o pró-reitor de graduação da Ufba, Maerbal Marinho.