Governo federal completa seu terceiro escândalo de corrupção no MEC e pode pedir música no Fantástico
Na sequência de dois escândalos de corrupção no MEC (Bolsolão dos pastores e ônibus superfaturados), novo caso de corrupção vem à tona em menos de um mês
O governo de Jair Bolsonaro destinou R$ 26 milhões de recursos do MEC para a compra de kits de robótica para escolas de pequenas cidades de Alagoas. Porém, as escolas, de acordo com reportagem da Folha, têm problemas de infraestrutura básica, de computadores, de internet e até de água encanada, não têm laboratório de ciência, alunos de séries diferentes têm que estudar na mesma sala, têm pátio de chão batido, precisam de reformas entre outros problemas.
Os valores apresentados para a compra, como no episódio dos ônibus, está muito acima do preço de mercado, e o que mais surpreende é a velocidade que se deu a liberação desta verba para adquirir esse material. A empresa fornecedora dos kits de robótica para as escolas de Alagoas é a Megalic, que funciona em uma pequena casa no bairro de Jatiuca, em Maceió.
Apesar de fechar contratos milionários, a empresa é intermediária, não produz kits de robótica. Os R$ 26 milhões liberados para aquisição do material aos municípios alagoanos representam 68% de tudo que foi pago neste ano pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação) para todo o país.
As verbas do MEC nas mãos dos homens de Deus
“A minha prioridade é atender os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos que são amigos do Gilmar.”
Essa foi a frase dita por Milton Ribeiro, em áudio vazado nos últimos dias, afirmando priorizar amigos do Pastor Gilmar Mendes. Nos mesmo áudio Milton ainda afirma que busca apoio para a construção de igrejas, algo completamente alheio aos objetivos do ministério e que ofende o Estado laico e que esse foi um pedido feito especialmente pelo presidente da república, o que não soa estranho visto que o pastor é muito próximo de Bolsonaro.
Mas não encerra por ai, outras histórias vieram à mídia nesses dias, como o caso do prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), que denunciou Arilton (pastor amigo do presidente também) por ter pedido R$ 15 mil para interferir a favor do município. Pediu também uma barra de um quilo de ouro para obter verbas para construção de escolas e creches. Um quilo de ouro custa mais de R$ 300 mil.
Gilmar e Arilton são dois líderes evangélicos influentes no cenário político e se organizam com grande facilidade no governo desde que Bolsonaro chegou ao poder.
Ou seja, as verbas do MEC estavam sendo comandadas pelos pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura, que não têm cargos no governo. Desde o início do ano passado, eles veem intermediando verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) com os municípios para a construção de escolas, creches e fornecimento de equipamentos e serviços de educação. Prefeitos que conseguiam o atendimento de suas demandas precisavam retribuir com dinheiro vivo, barras de ouro, contratos de compra de Bíblia e apoio para eventos pentecostais, promovendo cultos e contribuindo para a construção de igrejas.
O então ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu demissão do cargo no dia 28 de maio, em meio a denúncias sobre um suposto esquema informal de obtenção de verbas envolvendo dois pastores sem cargo público. O caso é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
E os ônibus superfaturados
Nesta primeira semana de abril, uma licitação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), agendada para esta terça-feira (5/4) prevê a compra de ônibus escolares por preços acima dos praticados no mercado. Os veículos custam cerca de R$ 270,6 mil no mercado. Na licitação, o governo poderá pagar um valor de até R$ 480 mil por um ônibus, o que significa um superfaturamento de R$ 232 mil.
Neste cálculo, o valor total da compra fica com um aumento de 55%, fazendo o o orçamento destinado passar de R$ 1,3 bilhão, para 2,045 bilhões.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) já protocolou no MP pedidos para suspender a licitação e investigar, entretanto, a denúncia nada deve alterar a vida dos políticos envolvidos, pois são intocáveis, com total apoio de Bolsonaro.
Descaso com a educação
A sequência desses três escândalos mostram apenas a ponta do gigantesco iceberg que é o desmonte que Jair Bolsonaro vem realizando dentro do setor de educação. Com a demissão de Milton Ribeiro vamos para o quinto ministro em menos de 4 anos de mandato.
A mobilização de estudantes e trabalhadores é essencial nesse momento. A educação pública pede socorro. É FORA BOLSONARO!
(Foto: Marcelo Camargo)
Fontes: Folha de São Paulo