Bolsonaro inverte valores da Petrobras: combustível alto para o povo e lucro recorde para os acionistas privados

Nesta segunda-feira, a Petrobras anunciou aumento do preço médio do diesel em 8,87% nas suas refinarias, sendo assim, o combustível para distribuidoras está passando a valer 4,91 reais por litro. Desde o início do governo Bolsonaro, o Diesel subiu 165,6%. O mesmo ocorreu com a Gasolina, que já é encontrada acima de R$7 em diversos postos do país. Na mesma semana, foi divulgado que no 1º trimestre deste ano a Petrobras obteve maior lucro entre petroleiras em escala mundial. Foram cerca de 8,6 bilhões de dólares, equivalente a R$44,6 bilhões de reais em lucro registrados entre janeiro e março.

Por trás desses números descomunais, se encontra o responsável: a política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que faz a alegria dos acionistas, cada vez mais ricos, enquanto o alto e injustificado preço pago pela população brasileira. Segundo o IBGE – órgão responsável por calcular o IPCA, principal instrumento usado para medir a variação de preços de produtos e serviços consumidos pela população, ou seja, a inflação – o principal vilão causador dessa alta é o preço dos combustíveis.

De acordo com o coodernador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, “A Petrobras não é forçada a utilizar o PPI”, e acrescenta “a garantia de altos lucros gerados pela estatal, cuja diretoria é nomeada pelo próprio presidente da República”.  Para ele, Bolsonaro não muda tal política para não desagradar os acionistas privados, que têm no sistema de reajuste.

Ademais, o especialista em Energia e Ambiente, Ildo Sauer, diz que: “Precisamos reconstruir o conceito de soberania como ele foi criado lá atrás. Essa soberania vem do controle sobre os recursos naturais. O petróleo pertence ao povo. Se o povo construiu a Petrobras, se a Petrobras descobriu o pré-sal, por que não fazer? É um problema técnico? É um problema de escolha política”, afirma.

Para Sauer, a discussão neste momento é sobre o que ele chama de “reconstrução” da Petrobras e do próprio país. “É hora de, sim, alguma autocrítica, mas de debater um novo projeto, construir o futuro. O passado não se muda, com ele se aprende. É preciso ter concepção, generosidade, abertura para ouvir os outros, discutir, analisar e buscar uma saída de consenso para mudar o país.

A inflação sobe desde meados de 2020, já corroeu um terço do poder de compra dos salários e atualmente é a maior em 28 anos. Na capital gaúcha, um botijão de gás custa mais de R$110. Em outros lugares do país, como São Paulo, chega a R$ 150 – o que equivale a dois dias e sete horas de trabalho, dos que ganham salário mínimo. 

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Fontes: AEPET, Brasil de Fato, Outras Palavras e Auditoria Cidadã da Dívida