Brasil retoma crescimento da desigualdade e convive com pobreza extrema
A atual desigualdade de renda do Brasil indica que o crescimento econômico do governo Bolsonaro (PL) está sendo acompanhado por uma quantidade desproporcional de pessoas pobres. Uma combinação perversa que indica concentração de renda no Brasil.
Além de modesta, a recuperação recente do Brasil tem sido desigual, segundo Luiza Nassif, economista do Made/USP (Centro de Estudos da Macroeconomia da Desigualdade da Universidade de São Paulo). “Estamos cuidando do crescimento do PIB, mas não tanto de reduzir a pobreza. O PIB está crescendo, mas está sendo distribuído de uma maneira mais desigual do que antes da pandemia”, diz.
Enquanto os 10% mais ricos tiveram uma queda anual média de 1,16% entre 2014 e 2021, o tombo foi de 7,59% ao ano entre os 10% mais pobres no mesmo período.
O PIB também cresceu entre 2004 e 2014, mas a pobreza extrema experimentou uma década de declínios consecutivos. Nesse período, os grupos mais desfavorecidos tiveram maior crescimento anual da renda per capita (7,74%), enquanto o crescimento no topo da pirâmide social foi menor (3,49%), até inferior à média nacional.
Além disso, de cada R$ 100 declarados como lucros e dividendos, R$ 70 estavam nas mãos do 1% mais rico —um seleto grupo de 316.348 declarantes que teve rendimentos entre R$ 603,1 mil e R$ 2,6 bilhões no ano de 2020.
“Colocar o rico no Imposto de Renda é extremamente importante”, diz Nassif. “Reduzir a desigualdade em si já gera crescimento, quem está na base da pirâmide consome mais. Então tem dois pontos, um de justiça social e outro de melhora da economia”, acrescenta.
Este ano, a lista de espera para o benefício cresceu e se aproxima de 2 milhões. Famílias de baixa renda do Brasil começam a experimentar ‘montanha-russa da pobreza’ com as oscilações dos valores desde o Auxílio Emergencial e a transformação do Bolsa Família para Auxílio Brasil. Nessas idas e vindas, especialistas acreditam que o foco do programa foi fragilizado.
Com informações de Folha de S Paulo.
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