Anielle Franco visita o Salão de Atos da UFRGS pela Luta Antirracista no RS

Nesta segunda-feira (14), o Salão de Atos da UFRGS recebeu a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Além de Anielle, o palco foi composto pela bancada negra da Porto Alegre, deputados federais do RS, lideranças quilombolas e indígenas, mães de santo da religião afro-brasileira e técnicos, docentes e discentes da universidade. Na plateia, mais de mil pessoas presentes.

Durante o evento, foram pautadas questões como a revisão da Lei de Cotas, o combate à violência política de gênero e as investigações do assassinato de sua irmã, a ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, morta em 2018.

“Desde as últimas notícias do caso dela a gente tem tentando digerir ainda muita coisa que tem acontecido. Tem sido os sete meses mais longos da minha vida, e quando alguém a cita vem a memória e vem a lembrança. A Marielle tinha um sonho de fazer o doutorado, o mestrado que eu fiz era o que ela queria ter feito. E ela não consegue chegar ao doutorado. Quando eu passo no doutorado eu escutei, em uma das entrevistas do dia, ‘ah, só passou porque é a irmã da Marielle’, quando eu cheguei no ministério, ‘ah, só entrou porque é a irmã da Marielle’. E eu digo para vocês que eu sou irmã da Marielle mesmo, com muito orgulho. Só que a irmã da Marielle também tem quatro faculdades, três mestrados e doutorado”, discursou.

Anielle também comentou sobre os desafios que a comunidade negra encontra ao se manter na universidade e a importância da bolsa-auxílio para os cotistas, usando sua própria vivência. “A gente não precisa somente de ações afirmativas para os discentes, a gente precisa de docentes antirracistas“ afirmou. “Eu passei na UERJ como cotista e eu tinha pouquíssimos professores antirracistas, então a gente saía de casa às cinco da manhã pra trabalhar, ás vezes a quentinha estragava no meio do caminho e quando a gente chegava na universidade os/as professores/as não queriam deixar a gente entrar porque estava atrasado, não queria ajudar porque trabalhava até mais tarde, não queria saber se a gente tinha que jantar ou lanchar, mas o dinheiro da cota me ajudava. Então o dinheiro era pra xerox, lanche e a passagem.”

Ao fim do evento, todos se reuniram para uma foto coletiva com luzes no fundo que remetem a esperança. A ministra também recebeu todas as homenagens e presentes antes de deixar a UFRGS e ir para outro evento que estava em sua agenda. A realização da conferência foi feita pelo NEABI UFRGS, Núcleo de Pesquisa Antirracista da UFRGS, Faculdade de Direito e CAAR.

Com informações de Sul 21.

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