Conselho Diretor do CPD/UFRGS denuncia situação de precarização da unidade

A ASSUFRGS Sindicato vem a público demonstrar seu apoio às reivindicações apresentadas pelos trabalhadores do Centro de Processamento de Dados da UFRGS. Em reunião do Conselho Diretor da unidade, realizada no dia 28 de agosto, os servidores do CPD denunciaram a situação de precarização da unidade que é estratégica para a universidade.

Em trechos do manifesto, os trabalhadores comentam sobre acúmulo de funções devido à falta de reposição de novos servidores e condições inadequadas de trabalho, como computadores defasados. Prazos inexequíveis para entrega dos trabalhos, pressão e assédio. Situações que geram diversas formas de adoecimento, gerando inclusive pedidos de exoneração. A baixa valorização dos profissionais, que na iniciativa privada e outros setores do poder público são mais valorizados e o teletrabalho, que a princípio foi visto como solução para amenizar a pressão dos trabalhadores, mas se mostrou problemático, agravam mais ainda o quadro dentro do CPD/UFRGS.

A ASSUFRGS Sindicato entende que a situação do CPD requer uma atenção redobrada de toda a comunidade universitária. Infelizmente, a reitoria interventora da UFRGS assume postura clássica daqueles que são contrários aos serviços públicos. Deixam a precarização tomar conta, para propor a solução mágica da privatização/terceirização do trabalho. Não permitiremos! Em defesa do CPD/UFRGS e seus trabalhadores!

Confira a íntegra da Nota do Conselho Diretor do CPD/UFRGS:

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Prezadas e prezados colegas,

Na reunião do Conselho Diretor desta Unidade, realizada em 28 de agosto de 2023, um dos pontos de debate foi a crise que enfrentamos atualmente no CPD. Os colegas apresentaram queixas de sobrecarga de tarefas, acúmulo de funções e condições inadequadas de trabalho. Nas falas dos conselheiros, percebemos que todos os setores sofrem com a falta de pessoal, faltam técnicos e analistas em todas as posições, há setores inteiros que estão com suas atividades comprometidas.

Nos últimos anos muitos colegas saíram do CPD, uns colegas se aposentaram e outros pediram exoneração, sempre por receberem melhores oportunidades, melhores condições materiais, melhor
ambiente de trabalho ou melhores salários, fora da universidade.

Para manter o atendimento à comunidade, as responsabilidades e tarefas destes que saem são distribuídas entre os colegas que permanecem no CPD. E por não haver reposição destes colegas, a situação acarreta em permanente sobrecarga de trabalho e em acúmulo de funções para um número reduzido de trabalhadores.

As novas demandas de sistemas digitais e de serviços de tecnologia da informação originados nas outras unidades da universidade ficam represadas e, quando demandam o cumprimento legal de prazos para entrega, criam cenários inexequíveis, de pressão e assédio para os trabalhadores já exaustos e sobrecarregados no CPD.

São muitos os agravantes para a situação dos trabalhadores.

A prática do teletrabalho, de início, foi encarada como uma válvula de escape para essas pressões, por minimizar o tempo de deslocamento semanal e proporcionar certa flexibilidade de horários de trabalho. Atualmente a prática é apontada pelos conselheiros como origem de isolamento social e de desconforto aos trabalhadores, pelo modo como está sendo implementado, sem o devido diálogo e sem o resguardo da saúde mental dos servidores.

A histórica defasagem dos salários também foi vista como um agravante para a situação. Quando a remuneração de nossa categoria é comparada com as propostas por outras instituições, da iniciativa privada ou dos outros poderes públicos, percebemos como estamos desvalorizados. São muitos anos sem ao menos a reposição das perdas inflacionárias.

As condições de trabalho não ajudam. Computadores defasados, equipamentos de ar-condicionado estragados e sem manutenção há meses fazem parte dos relatos.

O cenário é desolador. O sofrimento dos trabalhadores é visível no dia-a-dia. Colegas em crises de ansiedade são cenas comuns pelos corredores. Não há perspectivas de melhoras.

Os servidores do CPD entendem que a unidade deve contar com trabalhadores próprios e bem remunerados para garantir a autonomia na execução das tarefas, e proteger o conhecimento acumulado e os sistemas construídos por nossos colegas, para atendimento das demandas específicas da nossa comunidade. Defendemos que a autonomia do CPD deve ser reforçada com o chamamento imediato dos aprovados no último concurso, para reposição dos servidores que deixaram a unidade nos últimos anos.

Desta forma, também, somos contrários a solução apresentada pela direção do CPD para terceirização de atividades e setores que existem atualmente na unidade.

Além disso, acreditamos que os trabalhadores devem ser bem valorizados, ter a garantia de uma carreira segura e um ambiente de trabalho saudável. Reivindicamos a reposição salarial imediata das perdas inflacionárias acumuladas nos últimos 7 anos e a equiparação dos salários e dos benefícios com os percebidos pelos servidores dos outros poderes.

Exigimos também o remodelamento democrático do Plano de Gestão e Desenvolvimento e da prática do teletrabalho, com a participação dos trabalhadores, garantindo que haja um acompanhamento sistemático dos servidores, focado na saúde mental, e para que esta prática não incorra em isolamento e adoecimento.

Por fim, em solidariedade às dificuldades apresentadas pelos colegas e entendendo que apenas coletivamente poderemos construir as mudanças que desejamos, o Conselho Diretor do Centro de Processamento de Dados apoia o Ato Nacional dos Servidores Públicos, convocado pelas entidades
componentes do FONASEFE (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), ocorrido do dia 30 de Agosto de 2023, pela recomposição salarial, reestruturação das carreiras e equiparação dos benefícios dos servidores do executivo com outros setores do Estado.

Todo poder ao povo trabalhador!

Contra

  • Defasagem salarial
  • Sobrecarga de trabalho
  • Acúmulo de funções
  • Isolamento dos servidores em condições de teletrabalho
  • Ameaça de terceirização dos setores
  • Sofrimento individual e crises de ansiedade
  • Assédio e pressão constantes

Reivindicamos

  • Garantia de recomposição das perdas salariais dos últimos 7 anos
  • Isonomia de salários, benefícios e plano de carreira entre os servidores do executivo, legislativo e
    judiciário
  • Chamamento imediato de aprovados no concurso para as vagas de TI para reposição dos servidores
    que deixaram o CPD nos últimos 3 anos
  • Remodelamento do Teletrabalho através do Plano de Gestão e Desempenho (PDG) em parceria com
    os servidores
  • Acompanhamento sistemático de cuidado à Saúde Mental dos servidores
    Conselho Diretor
    Centro de Processamento de Dados
    Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Conselho Diretor
Centro de Processamento de Dados
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Foto em destaque: Gustavo Diehl/ UFRGS