Comunidade da UFRGS realiza ato contra caso de racismo na Fabico

Na manha desta terça-feira (17), a comunidade da UFRGS esteve reunida no pátio da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS (Fabico) para repudiar mais um ato de racismo que ocorreu dentro da universidade. A professora Gláucia Vaz sofreu ataques racistas e machistas de um estudante. Infelizmente, a direção da unidade e a reitoria da UFRGS não deram a atenção devida ao caso. O retorno só veio após a chamada do ato, quando o Consuni/Fabico, em reunião na tarde deste dia 17, decidiu instaurar uma comissão, a ser formada por dois docentes e um aluno, com a responsabilidade de instaurar um processo disciplinar discente, realizar o inquérito e tomar uma decisão. Como definido no regimento da UFRGS, a comissão terá 30 dias, prorrogáveis para mais 30, para concluir os trabalhos. Até lá, o estudante está afastado das aulas ministradas pela professora.

Segundo Gláucia, o ataque ocorreu no dia 19 de julho quando o estudante do curso de Biblioteconomia disse que ela “não sabia qual era o lugar dela”, que continuaria sendo perseguida e odiada. Os ataques ocorreram no momento em que ela chegava ao prédio da unidade. Durante o ato de repúdio ao racismo, a professora comentou sobre a importância da ajuda dos alunos para o enfrentamento da situação e a omissão da administração da universidade perante o caso. “Os meus alunos foram fundamentais para que eu estivesse aqui hoje. Para que eu estivesse viva! Eu acho que é isso que a UFRGS e a Fabico precisam entender. Nesses últimos dias, para mim, foi muito difícil, reviver tudo o que ocorreu nesse semestre. O mínimo que eu esperava era que essa violência parasse em mim, mas acabou que ela foi levada e afetou os meus alunos também. Mas esse ato é a demonstração de força dos meus alunos que estão fazendo parte de uma educação antirracista. A falta dessa educação antirracista, nós vimos refletida em uma pessoa e acabou se estendendo e demonstrando outras pessoas que também se omitiram nessa situação”, refletiu a docente.

Tamyres Filgueira, Coordenadora-geral da ASSUFRGS Sindicato e Coordenadora-adjunta do NEABI UFRGS, chama a atenção para o aumento dos casos de racismo na universidade. ” A UFRGS, infelizmente, tem um histórico racista! E nessa gestão do Bulhões, o racismo na universidade se fortaleceu. Nossos corpos negros, estando dentro da universidade, incomodam muita gente. Para estudantes e servidores negros e negras não é natural permanecer aqui dentro. A todo momento tem uma ameaça, um gesto que faz a gente se sentir diminuído e humilhado. Mesmo assim, a gente tem que levantar a cabeça!”

A manifestação dessa tarde foi organizada pelo Diretório Acadêmico da Comunicação (DACOM) e do Centro Acadêmico de Biblioteconomia, Arquivo e Museologia da Fabico (CABAM). Além da ASSUFRGS, marcaram presença as representações do ANDES/UFRGS, ADUFRGS, UNE, UEE-RS e diretórios acadêmicos de diferentes unidades da UFRGS. Os deputados estaduais do PSoL, Matheus Gomes e Luciana Genro, também compareceram ao ato.

Após as falas no carro de som, os manifestantes subiram até o segundo andar do Anexo I do Campus Saúde, onde fica localizada a direção da Fabico. No caminho até lá e dentro do prédio, entoaram: “Racistas, não passarão! Direção omissa, não passarão!”

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