Mais de 70% dos estudantes das universidades federais têm renda familiar de até um salário mínimo

Nesta semana, os aliados de Bolsonaro na Câmara dos Deputados tentaram aprovar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a PEC 206, que visa a cobrança de mensalidade em universidades públicas.

O argumento do autor da PEC 206, General Peternelli (União Brasil-SP), se baseia na seguinte (des)informação: “seria uma forma de diminuir as desigualdades sociais em nosso país”. Isso porque, segundo o autor, “a maioria dos estudantes dessas universidades acaba sendo oriunda de escolas particulares e poderiam pagar a mensalidade “(…) Não seria correto que toda a sociedade financie o estudo de jovens de classes mais altas.”

Uma baita mentira! 

A maioria dos estudantes das universidades federais do Brasil não conseguem ter uma renda mensal que chegue a um salário mínimo. É o que mostra a 5ª Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior, divulgada nesta semana.

Segundo o levantamento, 70,2% dos universitários tem renda mensal familiar per capita de até um salário mínimo, sendo a renda média de R$ 640. Os estudantes com renda superior a 5 salários mínimos per capita são apenas 4,6%.

Ainda de acordo com a pesquisa, 64,7% estudou o ensino médio integralmente, ou na maior parte do tempo, em escolas públicas. 

A entrada de estudantes nas universidades por meio das cotas (renda; preto, parto e indígena; e pessoa com deficiência) cresceu desde a implementação da política, em 2005. De 2016 a 2018, o índice segue entre 48% e 49%.

O percentual de negros aumentou, alcançando a maioria absoluta do universo pesquisado: 51,2%. O levantamento mostra ainda que há um crescimento contínuo no ingresso de mulheres no ensino superior das universidades federais. Em 2018, o índice de mulheres matriculadas era de 54,6%.

A pesquisa é realizada desde 1996 pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (Fonaprace), vinculado à Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Os dados foram coletados em 63 universidades e 2 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, de fevereiro a junho de 2018, num total de 424.128 questionários validados, o que corresponde a 35,34% dos 1,2 milhão de estudantes.

Luta contra a PEC 206 continua!

Devido à rápida ação dos trabalhadores e estudantes, em articulação com os deputados federais que defendem a educação pública, a votação da PEC 206 na CCJ da Câmara não ocorreu neste semana. FASUBRA esteve presente pessoalmente na sessão junto com outras entidades, para pressionar contra o andamento da pauta. A comissão acatou um requerimento para a realização de audiência pública, apresentado pela deputada Maria do Rosário (PT-RS). Com isso, nossa luta ganha fôlego. A Universidade Pública tem que ser para TODOS! Não à elitização e privatização do ensino público superior!

Com informações do DCM e FASUBRA Sindical

Foto em destaque: Agência Brasil/Marcello Casal Jr/Reprodução