Apagão no Campus do Vale da UFRGS: “prejuízo não foi maior porque ocorreu no feriadão”

A falta de energia que ocorreu no Campus do Vale nesta segunda e terça-feira (12 e 13), tornou o carnaval de trabalhadores e pesquisadores da UFRGS em caos. O incidente resultante da interrupção no fornecimento de energia elétrica, que afetou equipamentos vitais, iluminação e refrigeradores, não só paralisou estudos e trabalhos essenciais, mas também expôs animais, plantas e amostras a condições desfavoráveis, levando a perdas catastróficas. Trabalhadores e pesquisadores, desesperados, tiveram que agir no escuro para tentar salvar o que restava, enquanto centenas de milhares de reais em investimentos foram desperdiçados em menos de um dia.

A causa desse desastre foi a negligência da CEEE Equatorial em garantir a segurança da infraestrutura elétrica. A ruptura de dois cabos subterrâneos, durante obras de escavação realizadas pela empresa CPFL Energia, demonstra uma clara falta de supervisão e controle por parte da CEEE Equatorial, que deveria zelar pela integridade do sistema.

Essa situação é apenas mais um reflexo dos problemas recorrentes enfrentados pela população de Porto Alegre devido à ineficiência da Equatorial na transmissão e entrega de energia elétrica. A ASSUFRGS Sindicato publicou nota repúdio a essa postura da Equatorial.

Para além dos problemas gerados para as pesquisas, ainda tem o problema com a segurança das pessoas que frequentam o campus. As pessoas da vila Santa Isabel que necessitam pegar ônibus no final da linha que fica dentro do Campus do Vale ficam à mercê dos assaltos. Com o número de seguranças concursados e terceirizados extremamente reduzido, fica quase impossível realizar a segurança em um ambiente tão grande como é o campus do vale, veterinária e faculdade da agronomia.

Mozarte Simões, que trabalha no setor de vigilância do Campus do Vale, ressaltou que sem luz o campus fica muito mais perigoso, tanto para as pessoas quanto para os institutos, colocando em risco os equipamentos de alto valor contidos no campus. “Fica muito mais atrativo para pessoas que não são da comunidade universitária, entrar no campus para furtar ou roubar estes produtos. O prejuízo para a segurança só não foi maior porque o evento aconteceu no feriadão, se fosse em época de aula, com certeza poderia ter acontecido coisa pior”.

A coordenadora da ASSUFRGS, Maristela Cabral da Silva Piedade, falou sobre este incidente ter aumentado a preocupação com a privatização da CEEE Equatorial. “Nós, do sindicato, temos o compromisso de defender os trabalhadores e trabalhadoras, não apenas da Universidade, mas também de empresas privadas. Também nos preocupa profundamente o fato de que alguns trabalhadores tiveram acidentes graves, resultando em perda de vidas. Portanto, estamos acompanhando tudo isso com muita apreensão”.

Mesmo com o restabelecimento parcial do fornecimento de energia, o campus continua operando em condições precárias, dependendo de um ponto alternativo de suprimento. No entanto, para resolver completamente o problema dos cabos rompidos, será necessário atendimento especializado e condições climáticas favoráveis, segundo informações da CEEE Equatorial.

Além disso, a comunidade acadêmica ainda enfrenta outro problema interno: a inoperância da Reitoria interventora diante desses eventos. Após dois dias sem luz, não houve nenhum pronunciamento por parte do reitor ou da sua equipe. Não foi passada nenhuma informação sobre as medidas que estão sendo tomadas para lidar com essa situação e muito menos o motivo de alguns geradores da universidade não terem funcionado quando preciso.