Assembleia Geral da ASSUFRGS debate conjuntura e elege delegados para Plenária da Fasubra

Na tarde dessa terça-feira (29), ocorreu Assembleia Geral da ASSUFRGS, no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. A assembleia foi presidida pelos coordenadores do sindicato: Tamyres Filgueira, Gabriel Focking, Ricardo Souza e Erick Vaz.

A categoria realizou um amplo debate sobre a posição da entidade perante o novo governo Lula, eleito em outubro. Confira abaixo trechos das participações de colegas da categoria, durante a Assembleia Geral:

Tamyres Filgueira, Coordenadora-geral da ASSUFRGS, abriu a assembleia ao comentar a necessidade da entidade debater o governo Lula e os próximos quatro anos. Para ela, “não há espaço para oposição, ou algo nesse sentido, mas é necessário independência em relação ao governo e exigir algumas pautas, (…) defesa da educação pública e das universidades, questões relacionadas à carreira e fim da tramitação da PEC 32.”

Andréia Duprat, Coordenadora do Conselho de Representantes da Assufrgs – “Agora estamos em uma perspectiva de ter uma mesa de negociação com o governo federal. Sabemos que não será fácil reverter muitas coisas, mas nós como TAEs temos pautas de primeira hora: primeiro é a questão da campanha salarial, que a gente tá defasado e essas políticas de gestão de pessoas: temos a IN65, a questão do ponto eletrônico, que está suspenso em alguns lugares, (…) e a gente não sabe qual será a postura do MEC (…) e até os programas de gestão que estão sendo implementados. (…) sem contar se irão manter os interventores em seus cargos nas universidades, como é o caso da UFRGS.”

Gabriel Focking, Coordenador-Geral da UFRGS – “Perspectiva de abrir um canal de comunicação para nossas pautas. Coisa que tivemos que deixar em suspenso para poder faze ruma luta que era maior. A luta por recuperar a democracia na sociedade brasileira. (…) A própria questão que está em debate no governo de transição é resultado lá do Golpe de 2016, que é o Teto de Gastos. Então está tentando se garantir essa PEC para resolver a questão imediata do retorno do Brasil ao mapa da fome, que também foge um pouco das nossas necessidades imediatas. (…) Um período que precisamos estar atentos, não podemos ir tão longe: nem de uma defesa apaixonada e sim crítica, de um governo que está se colocando, e foi uma composição ampla, mas também não podemos querer somente o nosso e não olhar para a sociedade. “

José Luís Rockenbach (Neco) – “Primeiro tem que garantir que o Lula tome posse! Que consiga retomar o desenvolvimento nacional, reconstruir o Brasil. Esse governo vai pegar uma situação 10 vezes pior do que foi em 2003, quando FHC também destruiu o país. (…) Aqui na UFRGS a nossa luta é para tirar esse interventor bolsonarista. Temos que aprender também com a história. Temos que empurrar o governo progressista que a gente elegeu, para as grandes transformação, mas não pensar só em nós. E não dar espaço para direita, que é o que eles querem! Precisamos de mais unidade, mais debate entre nós.”

Arthur Bloise – “O serviço público está destruído, será um governo para reconstruir. E para isso precisaremos de todo mundo. Acho importante que a gente comece com essa unidade, por que o mundo não é mais o mesmo, do que os outros mandatos de Lula e Dilma. O congresso nacional majoritariamente é centrão, direita e conservador. Não chegaremos lá no 1º dia e vamos acabar com todas as políticas que gostaríamos. Mas se a gente chegar ao final do governo Lula com democracia, ter reconstruído os serviços públicos, ter recuperado as estatais (…), ter mantido a Petrobras majoritariamente estatal e pública, ter reconstruído educação e saúde, e ter conseguido fazer o reajuste do salário mínimo, dos servidores e mantido o bolsa família, a gente será plenamente vitoriosos.”

André Telles – “Esse governo foi eleito com uma grande coligação e será nosso papel tencionar cada vez mais ele para a esquerda. Para que a gente consiga trazer os direitos de volta para a classe trabalhadora. Não podemos arredar o pé da luta. A gente não pode abrir mão desse espaço, ainda agora no governo de transição. Por exemplo, grupos privados de educação estão representados na transição, mas FASUBRA e ANDES não estão. Então é nós que temos que garantir essa presença. Espero que com essa plenária da FASUBRA a gente consiga fazer essa pressão para tencionar o governo Lula para os interesses da classe trabalhadora.”

Mozarte Simões – “Temos que ter paciência (…) não podemos pensar só no nosso umbigo. Tem gente passando fome (…), as nossas pautas são importantes sim, mas nós não podemos sair de uma plenária em greve. Nós temos que pautar sim o governo, se nós não pautarmos o governo quem vai pautar? Mas temos que entender que o estrago é grande (…) que o Bolsonaro continuará nesses próximos quatro anos e a esquerda deve permanecer unida.”

Tônia Duarte – “Eu penso que temos que fazer o papel do movimento na Fasubra, de puxar para a pauta de defesa dos trabalhadores. A minha preocupação, é que a gente consiga construir essa puxada à esquerda, de uma forma unitária, sensata na avaliação, e solidária, de ver que não somos os mais em sofrimento e prejudicados. Precisamos resgatar o país, a democracia, as pessoas da fome e junto com isso saúde, emprego e nós como serviço público. (…) Do nosso lado, precisamos reivindicar retornos de direitos, todas as legislações que se contrapuseram ao PCCTAE e impedem a própria implementação dele. Nós tínhamos 321 cargos, mas agora temos apenas 87 para poder fazer concurso.”

Paulo Antoniolli – “Daqui 2 anos teremos na UFRGS a consulta para reitor. O que vamos fazer para poder mudar isso aí? Precisávamos mudar a lei de escolha de reitores. (…) Essa maldita lei que nos exclui, que só nos da 15% de peso. (…) Na Plenária da Fasubra isso teria que ser colocado em pauta, para que daqui a dois anos a gente não tenha que na beira da eleição, gritar por paridade!”

Frederico Bartz – “Acho que tem que ser uma pauta prioritária para todas as universidades, a democratização interna. Se nós estamos aqui na UFRGS, com esse reitor que aí está, que para mim é um interventor, fazendo com que a universidade se torne uma idade média, em que cada unidade vive como um feudo para sí mesmo, que a gente não vê uma política voltada como um todo, se não houvesse o 70/15/15, se houvesse mais democracia, isso não teria acontecido. Precisamos levar para a FASUBRA, para o governo de transição, a pauta de mais democracia dentro de nossas instituições.”

Igor Pereira – “Nós somos o núcleo de esquerda que a gente chama de frente ampla, ou o núcleo classista (…). A frente ampla é uma aliança capital/trabalho, para combater o neoliberalismo e o fascismo, que são duas faces da mesma moeda (…) andam de mãos dadas. Precisamos andar de mãos dadas aqui, inclusive com parte do capital, a qual interessa enfrentar em alguma medida o neoliberalismo. Vencemos, agora precisamos dar consequência a essa vitória. Acho que precisamos dar sinais. As centrais sindicais aprovaram uma nota unitária e precisamos aprovar como ASSUFRGS, apoio a PEC da Responsabilidade Social e valorização do salário mínimo.”

Ricardo Souza, Coordenador da ASSUFRGS – “Não podemos nos restringir, ou apenas delegar o poder aos deputados, senadores e governantes. Temos que cumprir o nosso papel na história. (…) É além do apoio ao governo, significa ação independente e classista da classe trabalhadora. (…) Construir a luta social para empurrar esse governo pra esquerda. Para garantir que se cumpra a PEC da Responsabilidade Social. Hoje o fascismo se manifesta na ‘responsabilidade fiscal’. É não ter dinheiro pra merenda escolar, para escola e saúde pública. É ter dinheiro para enriquecer os banqueiros com o juros da dívida pública (…) O Lula prometeu isenção do imposto de renda, para quem ganha até R$ 5mil, isso é um ganho brutal para nossa categoria, sem mudar nosso salário carreira, que também é necessário. Não podemos em momento algum abrir mão disso! Fortalece a democracia e fortalece esse governo se a gente seguir tencionando pelos nossos direitos.”

Rui Muniz – “A direita está estruturada e organizada, como nunca tínhamos vivido. Vamos ter que enfrentar. (…) è preciso garantir que a fome cesse, que a regressão de direitos sejam excluídas desse país. Temos que garantir uma governabilidade, sem abrir mão dos nossos programas, sem abrir mão da autonomia da classe trabalhadora. (…) E temos que disputar pauta de governo sim! (…) Na Fasubra temos dois pontos que temos que tirar nacionalmente como política. Temos que retomar o Acordo Coletivo, que paramos em 2005. A outra questão é autonomia política e democrática dentro das universidades. Vivemos nas universidades com estruturas de golpe militar.”

Vivian Ayres – “A gente está vivendo um momento bastante significativo, que é abertura de um concurso de vagas para nossa categoria. Sabemos da importância disso para nós trabalhadores, que estamos precarizações, mas é mais que isso, é importante para a sociedade, que sim passa fome, que tem dificuldade de empregabilidade nesse momento. Eu acho que cabe a nós, enquanto Assufrgs, abraçar esse momento e fazer algo na prática. Podemos de forma voluntária transmitir nosso conhecimento para trabalhadores que tenham a pretensão de estar compondo nossa categoria. A Assufrgs poderia somar esforços e pensar na produção de um cursinho preparatório gratuito, para fazer aulas de revisão, que preparem para o concurso quem tiver interesse.”

Maristela Piedade, Coordenadora da ASSUFRGS – “Nossa luta não terminou e não vai terminar com a posse no dia 01º. Precisamos continuar defendendo a classe trabalhadora. Nós TAEs estamos em uma situação bem complexa, como plano de carreira e o trabalho híbrido. Não está claro como está se impondo esse programa de gestão. Temos as pautas de reposição salarial, etc. Temos o problema da fome no Brasil que voltou, mas temos o problema de colegas de dentro da categoria que também estão em situação financeira difícil.”

Ângela Fernandes – “Gostaria de propor que a ASSUFRGS recomponha o GT Carreira. Nesse momento é importantíssimo que a gente discuta, pense em propostas de melhoria. Temos a questão do pessoal da enfermagem, o aprimoramento da carreira e muito a debater sobre a carreira que temos, que poderia ser melhor, mas é a que temos.”

Tamyres Filgueira, Coordenadora-geral da ASSUFRGS – “A conjuntura ainda está difícil, inclusive de fazer uma analise. Mesmo derrotado, Bolsonaro cortou verba da educação pública. Precisamos estar atentos, alertas e mobilizados até o final do ano. (…) Temos várias tarefas no ´próximo período, não é só defender os interesses da nossa categoria, mas da classe trabalhadora como um todo, o básico, ter o mínimo, ter dignidade. A gente precisa sim ter uma postura de defender os interesses da classe trabalhadora. Essa frente amplíssima colocará o governo lula em disputa, onde poderá tendenciar mais à direita que a à esquerda. Então é nosso papel ser firma nas pautas que tocam toda a classe trabalhadora. Aí são várias: é combater a fome, o machismo, o racismo, a LGBTfobia, defender o SUS a educação pública, as cotas, ser contra a PEC 32.”

Gabriel Focking, Coordenador-geral da ASSUFRGS – “Internamente na UFRGS temos que seguir a luta contra a intervenção. (…) É preciso realizar uma composição para ir nessa plenária.”

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Encaminhamentos aprovados em Assembleia Geral:

  • Apoio à carta das centrais sindicais em defesa da aprovação da PEC da Responsabilidade Social e aumento real do salário Mínimo. Leia a carta aqui.
  • Criação de uma Comissão que organize um cursinho/aulas preparatórias para o concurso TAE na UFRGS.
  • Encaminhar na Plenária da FASUBRA realização de ato em Brasília contra os cortes do MEC, aproveitando realização da atividade da federação.

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Delegados da Plenária da Fasubra

A Assembleia Geral chegou ao consenso de uma chapa única de delegados, com envio de observadores da categoria. Serão 4 titulares e 4 colegas suplentes, em caráter de observadores.

Titulares: Tamyres Figueira, Sibila Binotto, Rui Muniz, Vivian Ayres

Suplentes/Observadores: Maristela Piedade, Antonieta Xavier, Luci Jorge e Eva Regina Souza

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