Forças Armadas devem respostas à sociedade após participação de integrantes em atos golpistas

Texto por Alex Mirkhan/ Brasil de fato

As marcas dos atos golpistas ainda estão presentes nas sedes dos três Poderes e ajudam a reafirmar, todos os dias, a trincheira aberta contra a impunidade. Analistas acreditam que inquéritos devem ser abertos contra membros das Forças Armadas cujas atuações sejam contestáveis.

“Está na hora de ver a responsabilidade de cada ator, atribuições que tinham. O Batalhão da Guarda Presidencial, por exemplo, por que não entrou? Em que momento ele foi desmobilizado? O comandante recebeu a ordem para entrar em atuação e não entrou? Aí você vai subindo até chegar na escala, que no caso é o comandante do Exército, o general (Julio Cesar de) Arruda. O GSI não sabia ou sabia? O que fez?”, questiona a cientista social Ana Penido Oliveira, pesquisadora sobre Defesa e Forças Armadas.

Sob os olhares da opinião pública, que tem classificado os episódios como “terrorismo”, os militares têm sido instados a darem respostas públicas e eficientes. Na prática, há ceticismo entre os analistas quanto a eventuais punições no âmbito da Justiça Militar, que possui histórico de leniência e corporativismo simbolizado pela ampla anistia oferecida durante a Ditadura. 

Por outro lado, punir militares envolvidos nos atos golpistas seria uma questão de autopreservação das Forças Armadas. “Eu quero crer que a Justiça Militar tenha a preocupação de responsabilizar e trazer isso à tona, porque não se trata apenas de defender um ou dois nomes em especial, mas sobretudo de defender as instituições e seu próprio papel original na democracia. Asseguro que a maioria da sociedade civil não apoiou esses atos e não quer intervenção militar”, afirma o sociólogo Paulo Silvino Ribeiro, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

O dia 8 coloca esses temas na pauta não só para o Lula, mas para toda frente ampla, para as outras instituições, Congresso e Judiciário juntos, e para a população em geral. Mesmo a população que não votou no Lula olhou e disse ‘o que é isso? Estão quebrando tudo literalmente'”, finaliza. 

Foto: Marcelo Camargo