Entidades do RS promovem debate sobre guerra na Ucrânia e lançam Movimento Pela Paz Mundial

“Ucrânia: Paz ou III Guerra Mundial” é o título da mesa redonda que foi realizada no dia 04 de setembro, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grade do Sul. O debate foi coordenado pelo vereador Pedro Ruas (PSOL) e teve a participação do historiador Paulo Visentini, da historiadora e integrante da Executiva Nacional do PSOL Bernardete Menezes, do ex-ministro Tarso Genro e do ex-deputado estadual Raul Carrion.

A ASSUFRGS apoiou marcou presença, com os Coordenadores-geral Gabriel Focking, Laís Camisolão e Tamyres Filgueira. O sindicato ainda realizou transmissão AO VIVO do debate. Confira a íntegra no player abaixo.

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O objetivo principal do evento foi lançar um movimento pela paz que tenha como foco a necessidade de se debater as consequências negativas para a segurança global do avanço da OTAN. Durante o evento, os participantes destacaram que o conflito na Ucrânia não ocorre apenas por uma ação da Rússia, uma simples “invasão” como propaga a mídia internacional, mas também uma consequência direta do avanço da OTAN para a proximidade do território russo.

Segundo os organizadores, a OTAN e seus parceiros vêm ampliando a tensão na região e em outras partes do planeta. Ao invés de tentar um acordo de paz, se utilizam da situação para avançar o seu poderio bélico e lucrar com o conflito, que corre o risco de se transformar em uma conflagração mundial e inevitavelmente nuclear.

Ao final do encontro, as entidades presentes aprovaram a carta que lança o Movimento Pela Paz. Em Assembleia Geral do dia 05 de setembro, a ASSUFRGS aprovou o apoio ao documento. Confira a íntegra abaixo:

MOVIMENTO PELA PAZ, 2023

            A conscientização e a mobilização pela Paz, hoje, são mais urgentes do que em outras épocas. Por quê? Porque a guerra travada na Ucrânia é resultado de um acúmulo de crises estruturais e mudanças sistêmicas, que podem evoluir facilmente para uma III Guerra Mundial. Esse quadro se complica ainda mais pela ausência de lideranças experientes no Ocidente, governado pela geração de jovens millenials, que não viveram a destruição, o sofrimento, as perdas e a fome da última Guerra Mundial. Conhecem a guerra pela televisão, travada em países distantes e pobres e não imaginam as perigosas consequências de suas decisões.

As potências dominantes se acostumaram, após a Guerra Fria, a impor sanções e intimidar nações fracas. Mas uma potência nuclear e membro do Conselho de Segurança da ONU não se intimidou, criando um impasse que serviu de catalizador para a mobilização de nações periféricas, especialmente na África e no Oriente Médio. O mapa do mundo mudou em apenas alguns meses e gerou uma situação impensável, levando até personalidades conservadoras realistas como Kissinger e Mearsheimer a criticar uma radicalização aventureira de resultados imprevisíveis.

            Na II Guerra Mundial três países de porte médio (Eixo) enfrentaram três mega-Estados (EUA, URSS e China) e o maior império Colonial (britânico), a um custo de 60 milhões de mortos (metade russos e ucranianos), uma destruição colossal e o nazismo (que ressurge) provocou o genocídio judaico. O que esperar, então, de uma III Guerra que envolvesse EUA/OTAN, Rússia e China, agora também travada no Oriente Médio e na África? Há muitos estudos de como as guerras iniciam, mas poucos de como se encerram. Geralmente elas escapam do controle, como uma queimada em campo seco.

            O momento para a Paz é oportuno, pois há uma estagnação militar e um acúmulo de novas tensões militares e econômicas globais, que ultrapassaram os riscos calculados. Mas não basta apenas existirem condições objetivas, é necessário a ação consciente de grandes contingentes humanos para convencer os dirigentes do óbvio: que a Guerra só pode ser vencida pela Paz. Chegou a hora de recolher as armas e negociar o mundo de amanhã. A II Guerra foi desencadeada por erros de cálculo locais, que a tornaram Mundial, algo que não pode se repetir, pois o resultado não seria apenas duas bombas atômicas, jogadas pelos EUA sobre o Japão; hoje há várias potências nucleares! E o mundo atual está urbanizado, o que multiplicaria a destruição exponencialmente. Toda a humanidade perderia, podendo perecer junto com a natureza e a vida.

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