Coletiva denuncia falta de transparência do Reitor da UFRGS quanto aos cortes no orçamento

Marcando o retorno das aulas presenciais na UFRGS, o ANDES/UFRGS, junto com a ASSUFRGS Sindicato e o DCE da UFRGS, organizaram uma coletiva de imprensa para denunciar os recentes cortes realizados no MEC e a postura da atual reitoria da UFRGS, que se negou a falar publicamente sobre os impactos dos cortes na universidade.

A coletiva iniciou às 12h no pátio da Faced (Faculdade de Educação), e contou com a presença de Gabriel Focking, Coordenador-geral da ASSUFRGS, Magali Menezes, representante do ANDES/UFRGS, Daniel Oliveira e Sarah Domingues, representando o DCE da UFRGS, e Adriana Cunha, presidenta da Associação Unidos Terceirizados.

Abrindo a coletiva, Magali Menezes ressaltou a importância do dia 13 de junho, que marca o retorno integral das atividades universitárias, que estavam sendo realizadas de forma remota devido a covid-19. Magali conta que a comunidade acadêmica encontrou uma universidade sem condições de receber todos os estudantes e trabalhadores, e o anúncio dos cortes de verba desmascarou ainda mais o projeto que o governo deseja aplicar nas instituições de educação pública. “Todos os reitores, das universidades públicas do rio grande do sul fizeram coletivas explicando as suas comunidades as implicações desse corte que afeta a vida das universidades, mas a nossa administração central se cala em relação a isso, não ouvimos absolutamente nada do que vai significar, hoje, esse corte nos recurso das UFRGS.” Denunciou a presidenta da Seção sindical do ANDES/UFRGS

Durante a coletiva, os representantes foram questionados sobre qual setor os cortes irão afetar diretamente, e Gabriel Focking respondeu que não há como responder de forma direta esta pergunta. “Quando cortes são realizados, eles afetam primeiramente nos lugares que são mais invisíveis, nas questões estruturais que percebemos a longo prazo, como a redução das manutenções. Começa reduzindo manutenções simples e depois elas se tornam emergenciais. Redução de funcionários terceirizados também, mas dizer exatamente qual será o local do corte é muito difícil, porque o reitor não revela os dados e faz tudo portas a fechadas em seu gabinete.” Afirmou.

Com a falta de diálogo da reitoria com a comunidade acadêmica, os funcionários só são informados das movimentações da universidade através de reportagens e “burburinhos”, como afirma Adriana Cunha. Ela conta que todos os funcionários terceirizados ficam muito temerosos com a ideia de serem demitidos, pois ninguém sabe onde começará os cortes. “É falta de materiais para trabalhar, não tem EPI e não tem produto para trabalhar, e aí depois vêm os cortes. Os primeiros a serem cortados são os que menos ganham, e os que mais trabalham!” Adriana ainda classifica o trabalho dos terceirizados como uma escravidão moderna, que amedronta os funcionários e faz com que eles não conversem entre si, e trabalhem o dobro para evitarem a possibilidade de serem demitidos.

Sarah Domingues, trouxe uma perspectiva mais voltada pelos estudantes, afirmando que não estão sofrendo com um corte, mas com o não aumento dos benefícios, como as bolsas de R $400,00, que tiveram seu valor estipulado quando o salário mínimo era esse valor, e não foram reajustadas desde então e seguem assim até hoje. “Cada semestre temos mais integrantes cotistas de renda, raça e deficiência, e as bolsas não aumentam e temos até bloqueios de bolsas. Nosso acesso ao RU é limitado e nosso auxílio transporte não dá conta de toda demanda, assim como a moradia estudantil. Enquanto a universidade vai se diversificando, vamos percebendo que para os estudantes fica cada vez mais difícil de se manter aqui.” Conta a estudante.

Durante a coletiva, foi levantada a pauta da greve, e Gabriel Focking afirmou que não há uma perspectiva de deflagração imediata de greve, mas que há uma construção nacional de debate sobre a necessidade de greve. Magali Menezes afirma que a “construção da greve unificada é o nosso horizonte” e que há uma agenda de luta a ser seguida com ato em Brasília dia 14, reunindo caravanas de todos os estados. “Temos que fortalecer a construção da greve, que deve acontecer sim, mas ainda está nascendo, acreditamos que deveria estar mais avançada, mas há essa necessidade de debate com a base.” Afirmou Gabriel ao final da coletiva.